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Nem a mudança de patamar impede que o Flamengo siga como máquina de moer treinadores

A saída de Tite era prevista desde a eliminação precoce na Libertadores, para o Peñarol, mas surpreendeu os rubro-negros por ter vindo após a vitória sobre o Athletico Paranaense, no Brasileirão. O clima pesou, o trabalho estagnou e as partes decidiram seguir seu caminho separados. A parceria durou quase um ano.

Os 357 dias no comando do Flamengo não foram suficientes para que Tite quebrasse uma longa escrita do clube, que mostra bem como é o modus operandi dos diversos departamentos de futebol. Se a estabilidade financeira e os títulos mudaram o patamar do Rubro-Negro, alguns hábitos ainda não acabaram.

Os números de Tite no Flamengo

A passagem foi de esperança a decepção rapidamente. Depois de um início promissor em 2023 e o auge na campanha invicta no Campeonato Carioca, o Flamengo teve um declínio rápido. Bastou que as três competições fossem tratadas como prioridade para escancarar os problemas no planejamento do clube.

Tite encerrou a passagem pelo Flamengo com 65,7% de aproveitamento, mas os números acabaram sendo inflacionados pela disputa do Estadual. Excluindo o torneio, a taxa de conversão é de 61%, inferior a de trabalhos ruins como Paulo Sousa, Abel Braga e Domènec Torrent.

Treinador Partidas Aproveitamento Gols feitos Gols sofridos
Jorge Jesus 58 81,6% 132 48
Renato Gaúcho 37 72% 87 32
Abel Braga 32 67,7% 59 29
Dorival Jr 43 66,7% 77 35
Paulo Souza 32 66,7% 59 29
Tite 70 65,7% 108 50
Domènec Torrent 26 63,8% 42 36
Sampaoli 39 60,7% 63 41
Rogério Ceni 45 59% 86 55
10º Vitor Pereira 18 57% 36 24

Quase quebrou a escrita

Oito dias separavam Tite de uma marca importante no Flamengo. Caso permanecesse até o fim da semifinal da Copa do Brasil, que era o esperado após a vitória sobre o Athletico, o treinador completaria um ano no comando da equipe profissional.

Ele poderia ser o primeiro a completar uma temporada inteira, de janeiro a dezembro, desde Vanderlei Luxemburgo. Em 2011, o Pofexô levou o Flamengo à Libertadores com equipe formada por Ronaldinho Gaúcho, Thiago Neves e outros nomes importantes. Ele ainda foi campeão carioca invicto no período.

De lá para cá, o Flamengo teve 23 (!) trabalhos diferentes, incluindo algumas figurinhas repetidas, como Dorival Júnior. Jayme de Almeida foi quem mais apareceu na lista, porém só foi efetivado em uma, quando levou o clube ao título da Copa do Brasil em 2013.

Outro nome curioso é o de Zé Ricardo. Começou como interino em 2016, foi efetivado e chegou a completar os sonhados 365 dias de Flamengo, mas não suportou a pressão por resultados ruins e caiu em agosto de 2017. Reinaldo Rueda terminou aquela temporada.

A lista é vasta e conta com os mais diferentes nomes. De Joel Santana e Muricy Ramalho, o Flamengo já tentou de tudo, mas parece viver no passado. Unanimidade mesmo, só Jorge Jesus.

Tite não é mais técnico do Flamengo (Foto: Imago)

Máquina de moer treinadores

A falta de paciência da torcida e a pressão criada em cima de dirigentes é fundamental para perpetuar esse ciclo vicioso no Flamengo.

Se a torcida não gosta de treinadores que partilhem de um estilo pouco ofensivo, que está no DNA do Flamengo, o departamento de futebol também precisa colaborar e traçar um perfil que agrade. Entre os nomes que chegaram depois de Jorge Jesus, talvez o jogo posicional seja o grande ponto comum, algo que também irrita os rubro-negros.

Filipe Luís pode até contar com mais paciência, por ser ídolo dentro de campo, mas é importante observar que ninguém está acima das críticas. Uma lição que fica para a eleição de logo mais é entender o processo e fazer uma escolha certeira, dentro das características que o clube precisa. Nome por nome já não basta.

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