Ultras de Internazionale e Milan são presos na Itália por ligação com a máfia

Uma megaoperação da polícia terminou com a prisão de 19 pessoas na Itália, incluindo lideranças dos ultras de Internazionale e Milan. Eles foram indiciados por crimes como associação com a máfia, extorsão, posse e fabricação de documentos falsos, agressões, tráfico de drogas e desacato.
Entre os principais nomes indiciados estão Luca Lucci, chefe da Curva Sul, dos Rossoneri, e Renato Bosetti, presidente da Curva Norte, dos Nerazzurri. O Ministério Público de Milão vinha investigando a ligação dos grupos com a gestão do San Siro.
As autoridades levantaram suspeitas sobre as atuações dos ultras de Internazionale e Milan desde a administração dos estacionamentos, até a venda de brindes e sanduíches, além de ingressos para os jogos no estádio.
Vale ressaltar que, por enquanto, ninguém de dentro dos Nerazzurri, ou dos Rossoneri, são considerados suspeitos. Na verdade, a polícia entende que Internazionale e Milan são partes lesadas no caso.
As diretorias rapidamente se colocaram à disposição das autoridades para auxiliar nas investigações, fornecendo documentos e informações, além de outras possíveis solicitações da Justiça italiana.
O Ministério Público de Milão passou a investigar a participação dos ultras com o crime organizado em setembro de 2023, quando um homem de 39 anos foi assassinado a facadas pelo então líder dos ultras da Internazionale, Andrea Beretta.
Segundo o inquérito policial, a vítima era Antonio Bellocco, afiliado ao clã ‘Ndrangheta’ — uma das famílias mais poderosas da máfia da Itália. Com o tempo, ultras do Milan também se tornaram alvo de investigações.
No processo, a promotoria revela que Milan e Internazionale têm relação próxima com os ultras. Entre as denúncias, estão a falta de controle do acesso ao San Siro, com entrada de torcedores no estádio sem ingressos, além de intimidação aos comissários.
Os promotores também descrevem que os criminosos lucravam com a revenda de bilhetes, que eram cedidos pelos próprios Nerazzuri. Até mesmo Simone Inzaghi, técnico da Internazionale, foi citado.

Marco Ferdico — um dos líderes dos ultras dos Nerazzurri preso nesta semana — conversou diretamente com Inzaghi para intervir junto à Internazionale para conseguir 200 ingressos para a torcida organizada na final da Champions League 2022/23, em Istambul.
Eu converso com Marco (Materazzi, ex-jogador da Inter), com Javier Zanetti (vice-presidente), com Marotta (presidente)… Eu falo com eles. Vou agir e te dizer o que eles me falarem.
disse o treinador dos Nerazzurri a ferdico.
Ligações interceptadas pela polícia também aponta um encontro entre Marco Ferdico e Mauro Nepi — outro líder dos ultras da Internazionale que acabou atrás das grades — com Skriniar, ex-zagueiro dos Nerazzurri.
O sérvio — que atualmente veste a camisa do PSG — teve uma conversa de 20 minutos com Ferdico e Nepi para explicar sua saída gratuita da Internazionale. Já nos Rossoneri, a situação é semelhante.
Registros de fevereiro do ano passado indicam que Luca Lucci e Giancarlo Capelli — líderes dos ultras do Milan — se reuniram com Davide Calabria, capitão dos Rossoneri, em um bar da cidade.
As autoridades italianas designaram consultores para acompanhar a situação de Milan e Internazionale de maneira preventiva, mas a dupla também pode parar nos tribunais.
Caso Rossoneri e Nerazzurri não consigam comprovar que não têm associação com grupos ligados ao crime organizado, podem até mesmo ser colocados sob controle externo.