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Boca Juniors quer técnico odiado por presidente da Argentina

Desde a saída do técnico Diego Martínez no último final de semana, o Boca Juniors iniciou uma busca rápida pelo substituto, especulando vários nomes, incluindo de Luis Zubeldía, técnico do São Paulo.

Conforme apurou a Trivela, o treinador argentino de 43 anos não pretende sair do clube paulista, tendo vínculo até o fim de 2025, enquanto o Tricolor sequer recebeu contato sobre a situação dele.

Parece que, na verdade, os Xeneizes miravam outros nomes e, segundo o jornal argentino Clarín, a decisão está tomada.

O ex-jogador Fernando Gago, técnico com passagens por Aldosivi, Racing e Chivas Guadalajara (seu atual time), já teve o nome apresentado pelo presidente do Boca, o ídolo Juan Román Riquelme, ao conselho de futebol.

Pressionado pela fase ruim do time e a vacância no comando técnico, o mandatário bostero buscou a decisão mais rápida e escolheu Gago porque, além da identificação dos tempos de jogador, o estilo de jogo do técnico de 38 anos o agrada.

Pesa a Fernando também a vontade de morar próximo dos filhos, o que não é possível desde que assumiu o mexicano Chivas desde o início do ano, e o desafio de treinar o clube que o revelou e defendeu em duas oportunidades como jogador (no profissional entre 2005-2007 e 2013-2019).

Fernando Gago defendendo o Boca Juniors durante a final da Libertadores de 2018 contra o River Plate (Foto: IMAGO)

Como ele possui contrato até maio de 2025, o Boca Juniors terá que bancar uma cláusula de rescisão, avaliada em cerca de 1 milhão de dólares (R$ 5,44 milhões). O salário também será alto, mais do que os 2 milhões de dólares (R$ 10,89 milhões) que ganha hoje.

Gago ainda deve treinador o Chivas no clássico contra o Atlas neste sábado (5).

Os Xeneizes serão treinados pelo interino Mariano Herrón neste final de semana, frente ao Argentinos Juniors, e provavelmente o novo técnico só assume daqui mais de duas semanas, no duelo contra o Tigre em 20 de outubro.

Essa nomeação não deve agradar nada um simbólico torcedor (ou “ex”) do Boca Juniors: o presidente da Argentina, Javier Milei, que afirmou virar “anti-Boca” após um momento de Fernando Gago ainda nos tempos de jogador.

Por que Milei se tornou ‘anti-Boca’ por Fernando Gago?

O presidente da Argentina, Javier Milei, em discurso no congresso argentino
O presidente da Argentina, Javier Milei, em discurso no congresso argentino (Foto: IMAGO)

O que rompeu de vez a relação de Milei, um torcedor declarado do Boca e ativo na vida política do clube, foi a entrada de Fernando Gago na final da Libertadores de 2018, disputada com o arquirrival River Plate.

O então volante entrou no fim do segundo tempo do jogo, quando os Xeneizes já estavam com um a menos. No entanto, ele sofreu uma lesão na prorrogação e deixou o time com nove atletas, abrindo caminho para que os Millonarios vencessem por 3 a 1.

Para o atual presidente argentino, a substituição foi uma decisão populista que o fez torcer para o River naquele dia. Ele ainda aproveitou para atacar a carreira de Gago.

— Eu estava torcendo pelo Boca. Na verdade, eu estava assistindo ao jogo. Mas quando entrou o Gago, que foi mais um ato de populismo, passei a torcer pelo River. Para mim, [Gago] foi um péssimo jogador, uma das grandes mentiras do futebol argentino. Ali eu me tornei anti-Boca. — contou ao jornal El País.

Vale citar que essas críticas do populista de extrema-direita já aconteciam antes. Em 2013, ao mesmo periódico, criticou o retorno de Riquelme como jogador usando o mesmo discurso.

— Não quero torcer para um time que toma decisões populistas. Já basta viver em um país populista. — atacou.

Mesmo dizendo que deixou de torcer para o time de Buenos Aires, Milei continua se posicionando sobre o clube e criticou recentemente a gestão atual.

A identificação de Gago com o Boca Juniors e o bom trabalho que fez no Racing

O técnico Fernando Gago e o auxiliar Insua durante partida do Chivas
O técnico Fernando Gago e o auxiliar Insua durante partida do Chivas (Foto: IMAGO)

Apesar do trabalho regular no Chivas, vencendo 17 de 37 jogos (55,86% de aproveitamento) e eliminado só na semifinal do Clausura deste ano, a credencial da capacidade de Gago foi no Racing entre 2021 e 2023.

No período em Avellaneda, terminou em segundo na Liga Argentina de 2022 e conquistou o Troféu de Campeões e a Supercopa, ambas em 2022 e em cima justamente do Boca.

Vencer dois títulos no clube que jogou não diminuíram o carinho que possuem por ele. Inclusive, Gago e Riquelme nutrem ótima relação. No ano passado, o ex-camisa 10 teve uma partida de despedida, e o ex-volante compareceu.

Ainda em 2013, quando Fernando retornou como jogador ao Boca, o atual presidente o elogiou e disse que possuem a mesma visão de futebol.

— Todos sabemos que tipo de jogador ele é. Vai ser muito bom dividir campo com ele. Entendemos o mesmo futebol. — disse Riquelme à época.

Junto ao jovem técnico vem os ex-jogadores com passagens pelo Boca Juniors Federico Insúa e Fabricio Coloccini, o que fortalece a relação com torcida, comissão e gestão.

Antes de Chivas e Racing, Fernando Gago iniciou a carreira à beira do campo no modesto Aldosivi, tendo histórico de sete vitórias, três empates e 16 derrotas em 2021.

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