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Candidato à presidência, Maurício G. de Mattos quer modelo do Barcelona no Flamengo

As eleições do Flamengo estão afunilando, com pouco mais de um mês até o pleito definitivo, que será realizado no dia 09 de dezembro. É hora de entender as propostas dos candidatos que ainda sobraram. O primeiro deles é Maurício Gomes de Mattos.

MGM recebeu a Trivela na sala do seu escritório, no Centro do Rio, e respondeu às perguntas de maneira coesa e tranquila.

O candidato prefere a ética em meio a conturbada eleição no Flamengo, que cria diversas narrativas diferentes. Entre críticas e planos, esse é o papo exclusivo com ele.

Flamengo pode ir além

Esse é o principal objetivo da chapa Mengão Maior. Durante a conversa, Maurício elogiou as finanças da gestão Landim, mas fez um adendo de que é possível ir além. Seguindo a linha de raciocínio, ele ainda apresentou o principal fator que pode ajudar o Flamengo a se tornar ainda mais estável financeiramente.

Nós vamos priorizar o marketing do Flamengo. Nós vamos criar uma diretoria de novos negócios. Trazendo um monte de situações e negócios para dentro do Flamengo. Nós vamos valorizar os nossos torcedores em um programa de relacionamento, não em um programa financeiro. Então nós temos a condição de ir muito além do que a nossa gestão foi. Eu digo isso porque até bem pouco tempo eu fazia parte dessa gestão — analisou.

Maurício Gomes de Mattos posa ao lado de Márcio Braga e Bandeira de Mello (Foto: Divulgação)

As notícias desse programa de relacionamento são importantes para o torcedor, já que o sócio do Flamengo é quem paga mais caro no futebol brasileiro, sem direito a check-in ou ingressos de graça, apenas descontos. A popularização dos preços das entradas também é uma prioridade para MGM.

No futebol, ao ser perguntado sobre as mudanças de treinadores, o candidato foi incisivo ao citar que quer um perfil traçado com mais afinco.

Para isso, ele se apoia no modelo do Barcelona, que só permite treinadores da mesma linha em todas as esferas, incluindo a base.

— Mais de 50 milhões em multas rescisórias. Isso não vai acontecer na nossa gestão. Nós temos um perfil definido, inclusive de esquema tático. Barcelona faz isso, né? Todas as instâncias do Barcelona têm que seguir com o mesmo perfil, com a mesma condição técnica e tática. Inclusive, temos que traçar um perfil técnico e tático para que o Flamengo tenha condição em todas as suas categorias de base e profissional com o mesmo padrão de jogo, o mesmo DNA, que é um futebol ofensivo — explicou.

Maurício Gomes de Mattos terá Wellington Silva, que já foi vice de comunicação do Flamengo em 2018, como vice-geral. Márcio Braga e Eduardo Bandeira de Mello, dois ex-presidentes com influência nos bastidores, apoiam a sua candidatura.

Com a disputa acirrada pelo triunfo nas eleições, MGM não joga a toalha e se mantém confiante em sua candidatura, especialmente ao falar sobre o projeto do novo estádio.

— Vou ser eleito e vai ser um projeto dos nossos sonhos — finalizou.

Veja a entrevista completa com Maurício Gomes de Mattos

Como você pretende melhorar as finanças de um clube que parece estar chegando no seu ápice financeiro?

— Não, o Flamengo ainda é pouco. Ainda além, o próprio investimento em marketing. Não considero marketing como custo, marketing é investimento. Todas as empresas têm no seu centro de investimento em marketing de 6% a 8%. O Flamengo tem 1% de investimento. Com isso você facilita a condição de retorno para o próprio investimento em cima do marketing. Então também tenho a minha participação dessa parte financeira que começou lá em 2004 com uma atividade nossa nas CNDs que nós conseguimos liberar para o Flamengo e daí nós enquadramos o Flamengo na Timemania.

É possível montar um time competitivo o bastante para conquistar mais títulos na sua gestão? Como?

— Bom, o que faltou foi profissionalismo, não só no futebol. Mas como estamos falando de futebol, na nossa gestão o Flamengo vai ser gerido por profissionais. Os vice-presidentes estatutários, amadores, para metodologia e cobrança. Não interferimos no dia a dia do futebol. Nós vamos ter um CEO para coordenar todas as modalidades esportivas. Nós vamos ter um diretor técnico para o futebol. O diretor técnico vai ser o homem do futebol. As metodologias criadas pelo conselho diretor do clube, elas vão ser a bíblia para ser seguida pelo futebol do Flamengo. Um DNA de vitória, um DNA de projeção ofensiva, um DNA de profissionalismo. Isso que o Flamengo merece, isso que nós vamos buscar, isso que nós vamos apresentar para o associado do clube.

Qual a principal característica da gestão Landim que você pretende manter na sua gestão?
E o principal defeito da gestão? Como corrigi-lo?

— Eu acho que o profissionalismo tem que vir na essência. Vou manter Fernando Góes na pasta de diretor financeiro do Flamengo. Eu acompanho o trabalho dele e vejo que é um trabalho de excelência.

O que você acha sobre o dia das eleições? Atrapalha que elas sejam realizadas na segunda-feira? O ambiente eleitoral está democrático na sua opinião?

— Atrapalha, com certeza. É um retrocesso. As duas últimas eleições foram feitas num sábado, no Clube Alegre, em condição de você não matar trabalho, não prejudicar a sua atividade profissional, ir lá e votar, um ato democrático e cívico até. Então, com isso, foi um desserviço a essas eleições. Eu quero também reclamar a falta de transparência em cima, eu quero também reclamar, aliás, a ética é a minha grande qualidade. Como é que a gente pode hoje ver uma eleição onde os presidentes de poderes apoiam um presidente, onde o outro presidente utiliza o mecanismo do clube para ganhar voto para o seu candidato? Eu quero uma transparência total na gestão e assim vou produzir. Mas também que tem cobrado os nossos pares hoje essa mesma transparência que eu pretendo conduzir no dia a dia do Flamengo. Não vejo isso na eleição e não vejo isso no Conselho de Diretor atual por esse período eleitoral. Também quero reclamar das ofensas que as chapas estão travando uma verdadeira guerra. Uma guerra sem vencedor. Ninguém ganha em guerra. O que eu estou vendo é uma guerra eleitoral. A minha linha é propositura, a minha linha é projeto, a minha linha é discutir gestão. E assim eu vou até o final dessa eleição.

Quais são os planos da sua gestão para manter os altos valores em patrocinadores?
E parcerias pontuais? Como você quer que elas sejam realizadas?

— Vou criar uma diretoria de novos negócios. Quero ampliar todos os relacionamentos do Flamengo. Marketing para mim é prioridade. Receita para mim é relacionamento com parceiros. Se você faz uma boa produção em campo e fora de campo, você tem contratos melhores. Hoje o Flamengo peca e também no relacionamento com os parceiros. Vou priorizar o relacionamento com os parceiros do Flamengo.

A transparência tem sido um tópico quente entre os torcedores. Como aproximar o rubro-negro da gestão sem que o ambiente interno fique exposto?

— Bom, primeiro, eu quero um portal de transparência. Compliance e ética perseguem a minha vida. No Flamengo não vai ser diferente. Nós vamos colocar toda a nossa condição de gestão para a imprensa, para os sócios. Planejamento é algo que nós temos que mostrar, porque senão nós temos um entendimento que não há. Na nossa gestão, nós vamos mostrar, nós vamos ter uma filosofia de futebol da base ao profissional, empadroada no mesmo sistema de jogo, com a mesma condição de cobrança, com ferramentas que hoje eu não vejo no Flamengo, como a neurociência do esporte. Na América do Sul só o River Plate opera com essa ciência. Nós vamos botar junto uma visão 360 graus. Nós vamos botar psicólogo, psiquiatra, coach e assistente social. O jogador tem que estar e resultado dentro de campo em todas as modalidades esportivas do Flamengo. Nós vamos também colocar de volta o Exus, que era um sistema que ele trazia a condição de avaliação de lesões. Isso não foi renovado.

Como você vê a possibilidade de uma SAF no Flamengo?

— SAF no Flamengo, nem pensar. Nossa alma, nossa essência, ela não está venda. O Flamengo é grande e vai continuar sendo, porque tem a nação do seu lado. O Flamengo não tem que ter dono. O Flamengo tem que ser gerido como empresa, sem ser empresa. Vou fazer centros de negócios para que a gente não precise utilizar essa condição de vender o Flamengo.

É possível balancear o retorno financeiro com o esportivo nas categorias de base?

— Primeiro, o investimento na base tem que ser tratado como formador na essência e como o craque, o Flamengo, tem que fazer em casa. Porque a gente quer a volta do craque que o Flamengo faz em casa. Porque hoje o Flamengo faz o craque e vende. A gente quer reter o profissional.

Já existe algum planejamento na sua gestão para manter um Flamengo hegemônico em terra e mar?

— Com certeza, a gente vai valorizar muito os esportes olímpicos. Hoje, inclusive, está colocado a segundo plano. Às vezes você vê um jovem atleta na natação, com oito anos, com uma camisa P. Um casaco, um agasalho pequeno, com perna, mas muito aquém do porte físico do atleta. Nós vamos valorizar o próprio judô, às vezes recebe o kimono branco e não recebe o kimono azul. A gente tem que valorizar, quero valorizar o Master do Flamengo em todas as categorias, vai ser prioridade para nós a valorização do esporte ali dentro do Flamengo, inclusive na categoria Master. A gente tem já um estudo feito para buscar recursos para ampliar, para melhorar as condições de buscar recursos para os esportes no nível.

Existe alguma ideia sobre manutenção ou mudança com relação ao sócio-torcedor? É um ponto de arrecadação importante do clube, que muitos rubro-negros reclamam das altas mensalidades.

— Programa de relacionamento. Não só um programa financeiro. A gente quer via de mão dupla, quer cashback, minutagem, milhagem, quer relacionamento com cada torcedor. Eu quero descobrir cada CPF dos 48 milhões de torcedores que o Flamengo tem. O Flamengo hoje é distante da sua torcida.

Como você pretende lidar com a precificação dos ingressos?

— Primeiro, nós vamos fazer um conselho consultivo. Eu já convidei uma pessoa que eu admiro muito, um rubro-negro que eu admiro muito, que é o Cláudio Cruz. Cláudio Cruz é um rubro-negro, fundador da Raça. Para mim, acima do bem e do mal, uma pessoa íntegra, uma pessoa que vai nos ajudar muito no relacionamento com a torcida. Hoje, você vai ao Maracanã e você vê Norte cantando de um jeito, Sul do outro. Nós vamos ter hoje um mecanismo para isso não acontecer. Nós vamos valorizar a raiz, voltar à condição de ter o torcedor raiz no Maracanã e ter a condição da torcida ter uma única sua voz. O Flamengo tem que voltar a ser Flamengo. A relação do presidente com a nação tem que ser uma relação de irmandade.

Como manter as finanças saudáveis diante de tantos gastos com o novo estádio?

— O meu sonho, o sonho da nação, é ter um estádio. Eu tenho uma equipe já trabalhando no dia-a-dia da construção da ideia de ter um estádio próprio. Nós pegamos nomes conhecidos como Fabrício Chicca, como Francisco que é um ambientalista de renome, como financeiros de marketing, como financeiros, como advogados, como profissionais de marketing. Nós temos um estudo, que depois eu vou te dar o QR Code para você botar na sua matéria, que viabiliza todo o nosso conteúdo de formatação de um estádio, de condição da gente formatar e fazer sem entrar no orçamento do futebol, nem no orçamento do clube. Aliás, orçamento, estatuto, pra mim, na gestão, vai ser Bíblia. Transparência, compliance e ética, noção, norma e condução. Dessa forma, nós vamos construir um estádio com desafios, com problemas. Mas vamos vencer, porque o lema do rubro-negro é vencer, vencer e vencer.

Existe algum gatilho com relação à naming rights? Isso é pensado internamente?

— No nosso estudo aqui, a gente tem já um valor [do naming rights] a ser perseguido e vamos buscar a condição de atingir esse valor. Mas como eu falei, nós vamos ter um carry coach que nós vamos receber para você botar na condição do associado, do torcedor entrar e debater conosco e ver todo esse nosso estudo, toda essa nossa produção.

Você acha que existirá um conflito de interesses com a concessão do Maracanã, renovada por mais 20 anos nesta temporada?

— Bom, mas o Maracanã tem que ser um centro de negócios produtivo. A gente tem que extrair lucro e não vai faltar evento para o Maracanã. O que o Flamengo tem que ter é a sua casa própria e isso nós vamos perseguir. O Maracanã como um centro de negócios nós vamos atrair também condição do Maracanã ser autossustentável. Enquanto ele está construído nós temos também um templo que é o Maracanã e sempre foi a casa do Flamengo e vai continuar sendo.

Melhoras na sede social da Gávea

— Eu quero entrar na gávea e quero fazer logo já um retrofit, dando uma identidade rubro-negra e acabando com os puxadinhos. Fazendo um plano diretor para a Gávea para ser discutido com os sócios. Eu quero aqui arquibancadas para duas mil pessoas. Eu quero um campo de futebol que a gente possa ter o melhor gramado. Vou contratar na gestão um engenheiro agrônomo para o Maracanã e para a Gávea.

Qual foi a sua principal motivação ao se candidatar presidente do Flamengo?

— É um sonho de infância. Eu sempre disse que estava preparado para ajudar o Flamengo de porteiro a presidente. Na minha infância, eu fui um jogador mediano de seleção de escola, mas não passei disso. Assim, me dá a oportunidade de devolver muitas alegrias que eu recebi ao longo da minha vida trabalhando para o Flamengo, como trabalho há 22 anos. Já fui tudo no Flamengo, menos presidente. Então as minhas ideias vão ser colocadas em práticas com o grupo de trabalho, que é o nosso grupo sensacional, que me ajuda no dia a dia ferramentas e melhores ideias, as metodologias para fazer um Flamengo ainda maior, um Flamengo melhor. Dessa forma, eu peço o voto do associado, eu peço a consciência da torcida que você e eu sei serei o melhor presidente da história do Flamengo, porque eu vou tratar o Flamengo como o Flamengo. Vou tratar o Flamengo com a essência da alma e do espírito rubro-negro.

Que recado você pode dar para a torcida antes da eleição?

— Podem contar com muito amor, com muita raça e com muito trabalho do Maurício Gomes de Matos e do Hélio Tonsilva, que é meu vice, e do Eduardo Bandeira de Melo, que vai ser presidente da Assembleia Geral, e Rosana Lomba, que vai ser a vice da Assembleia Geral. Essa é uma chapa para você votar e para você acreditar.



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