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Para evoluir, Abel precisa aceitar críticas e erros no Palmeiras como celebra acertos

Falar que Abel Ferreira já é um grande técnico é desnecessário. Basta olhar os números. É, com alguma sobra, o maior técnico da história do Palmeiras. Mas, do mesmo jeito, constatar que ele ainda tem pontos a melhorar também é uma obviedade.

Com 45 anos, numa profissão em que muitos seguem em alto nível até depois dos 60, o técnico do Palmeiras vai aprender e mudar muito sua maneira de pensar e agir até se aposentar. Muito possivelmente, como um dos mais vencedores da função internacionalmente.

Mas, para tanto, é fundamental que ele tenha uma capacidade maior de enxergar e assumir seus erros e os do time na mesma maneira em que celebra os muitos acertos.

Por que o time pode perder quando joga em Barueri?

Na entrevista coletiva após a vitória sobre o Cruzeiro (2 a 1), na quarta-feira (4), Abel atribuiu parte da bastante provável não conquista do tricampeonato brasileiro a ter jogado muitas vezes fora do Allianz Parque.

— Este foi o ano que mais vezes o Palmeiras jogou fora do Allianz Parque. Sabias disso? Sabes que derrotas nós tivemos a jogar em casa? Botafogo e duas em Barueri. Esse foi um dos nossos problemas — disse.

De fato, o Palmeiras, ainda no início do torneio, perdeu para Internacional (1 a 0) e Athletico-PR (2 a 0) jogando no estádio municipal da Grande São Paulo. Mas por que isso deveria ser um salvo-conduto?

O time por acaso perde poderes quando joga fora de seu estádio?

Como explicar, então, as dez vitórias que o Palmeiras conquistou como visitante? Ou ainda as duas em Campinas, contra Cuiabá (5 a 0) e Atlético-MG (2 a 1), no Brinco de Ouro da Princesa? Ou, pior ainda, a inadmissível derrota para o Vitória por 2 a 0, logo no início do 2º turno, em pleno Allianz lotado?

Em 2023, foram três jogos do Brasileirão em Barueri — um a mais que nesta temporada. O Palmeiras bateu os mesmos rivais para quem perdeu neste ano: Internacional (3 a 0) e o Athletico-PR (1 a 0) — perdeu para o Santos (2 a 1), na esteira da eliminação na semifinal da Libertadores.

Ataque é o melhor do torneio, mas também falhou quando não podia

É curioso também como só Abel pode criticar o time. Em mais de uma entrevista coletiva, o treinador, inclusive citando Felipe Ânderson, Rony e Flaco López nominalmente, queixou-se da falta de eficácia de seus atacantes. Mas, sempre que indagado sobre isso, nega, nervoso, a possibilidade de falar do tema.

— Em relação à produtividade, eu acho que o ano passado fomos melhor ataque outra vez. Há dois anos, fomos o melhor ataque, acho eu. Portanto, três anos seguidos com melhor ataque. E vocês querem criticar a forma como nós atacamos. É quem não vê o futebol como deve ver — disse ele

— Nós temos de ver como um todo. Dá-me muito gosto e muito prazer o estilo de jogo que nós temos. Um jogo dinâmico, direto e, se quiseres acrescentar nestas duas, agressivo. É isso que eu gosto de ver nas minhas equipes. É isso que elas fazem. Se vamos fazer mais gols ou menos, vai depender da inspiração dos nossos jogadores no momento de meter a bola lá dentro. Agora, digas o que disseres, ou digam quem disser, o Palmeiras é o melhor ataque — completou.

Reconhecer para melhorar

É verdade. Com 60 bolas na rede, o Palmeiras tem o melhor ataque da competição. Contudo, não dá para negar que a falta de eficácia do time também culminou na situação difícil no que diz respeito à possibilidade de conquista.

A derrota para o Botafogo, por exemplo, talvez não aconteceria se os jogadores tivessem melhor pontaria. Foram 19 chutes para fazer um gol. Com 13, o Botafogo anotou três.

Vale o mesmo para o jogo contra o Corinthians em Itaquera e os empates com Bragantino e Fortaleza. Contra o Grêmio, aliás, foi por pouco que o time deixou o campo sem balançar a rede, mesmo com 35 chutes. E mesmo contra o Cruzeiro, apenas dois gols em 32 finalizações também denotam um baixo índice de acerto.

Ao palmeirense, fica a esperança de que o técnico proteja os jogadores e seu ego em público. Mas que os cobre e se cobre a portas fechadas. Porque, mesmo que o Palmeiras seja só vice-campeão brasileiro, não dá para negar que se trata de um bom resultado.

Mas que não foi melhor justamente por conta dos erros que Abel precisa assumir para crescer e fazer com que o time também cresça.



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