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os destaques, decepções e surpresas da temporada

Na 22ª edição do Brasileirão de pontos corridos, o Botafogo conseguiu sua primeira taça nesse formato (iniciado em 2003), encerrando um jejum desde 1995 sem conquistar o principal torneio nacional. O Glorioso só levou a taça na última rodada, superando a corrida contra o Palmeiras.

A competição iniciada em abril e finalizada no último domingo (8) marcou também uma luta acirrada por vagas em competições sul-americanas e contra o rebaixamento até o fim. Confira os principais destaques e surpresas do Campeonato Brasileiro em 2024, além das decepções.

Destaques: um campeão glorioso no Brasileirão 2024

Não é difícil apontar quem chamou mais atenção no campeonato deste ano. Além do campeão, o Internacional, apesar de terminar em quinto, conseguiu se sobressair em desempenho e expectativas (por todo o contexto da temporada) sobre Palmeiras e Flamengo, segundo e terceiro que, por diferentes motivos, não atingiram o auge no Brasileirão.

Botafogo

Luiz Henrique comemora gol do Botafogo (Foto: Imago)

Impossível que o grande campeão não seja o maior destaque do Brasileirão 2024. O Glorioso, com um elenco extremamente competitivo e montado a dedo, jogou o melhor futebol do país e do continente com intensidade e muita ofensividade.

A escalação ideal do ataque até ficou na ponta da língua: o quarteto forte fisicamente, rápido e mortal formado por Almada, Savarino, Luiz Henrique e Igor Jesus. Com eles, o time de Artur Jorge terminou como o terceiro melhor ataque da competição com 59 gols.

A defesa, não tão midiática, foi ainda superior entre todos os 20 times, sendo vazada apenas 29 vezes pela solidez passada por John, Bastos, Barboza, Vitinho e Alex Telles. Os dois últimos só chegaram na janela de meio de ano, mesmo momento que foram contratados Almada, Jesus, Adryelson e outros.

Os reforços pontuais tornaram o Fogão mais regular, que pegou a liderança de vez a partir da 16ª rodada. Apesar de perder a ponta algumas vezes para Flamengo, Fortaleza e Palmeiras, trazendo o “fantasma” de 2023 de volta, a equipe soube mostrar que era a melhor do país e também da América com o título da Libertadores.

Internacional

Roger Machado canta o hino nacional antes do jogo entre Internacional e Flamengo
Roger Machado canta o hino nacional antes do jogo entre Internacional e Flamengo. Foto: Luiz Erbes/IconSport

Terceiro na classificação do returno, o Colorado viveu uma transformação no segundo semestre. Após decepções na primeira parte do ano sob comando de Coudet, o time gaúcho se tornou extremamente competitivo com Roger Machado, especialmente quando passou a ter semanas livres só com o Brasileirão a disputar.

Entre agosto e dezembro, o Internacional passou 16 partidas invicto, vencendo 12 e empatando quatro. O time chegou no fim da competição até com chance de título, mas a derrota para o Flamengo na 36ª rodada acabou com qualquer esperança.

Apesar de ter gasto muito no início do ano e sair sem taças em 2024, o clube do Beira-Rio foi um dos destaques do campeonato nacional pelo grande futebol jogado por quase metade da disputa e a superação após a tragédia no Rio Grande do Sul.

Surpresas: Leão de Vojvoda segue batendo recordes

Talvez nem seja tão surpresa assim que o Fortaleza novamente se classifique para uma Libertadores, mas a pontuação, a possibilidade de título frente a rivais mais ricos e até uma liderança (na 24ª rodada) são absolutamente fora da curva.

O outro time que subiu expectativas também foi um nordestino, o Vitória, antes apontado com um rebaixado “certo” e depois conquistando uma vaga em torneio continental após oito anos.

Vitória

Thiago Carpini, treinador do Vitória (Foto: IMAGO / Fotoarena)
Thiago Carpini, treinador do Vitória (Foto: IMAGO / Fotoarena)

Após nove rodadas do Brasileirão 2024, o Leão chegou a bater na lanterna e muitos já cravavam a queda do time. No entanto, o jovem técnico Thiago Carpini, sob olhares de desconfiança após a passagem relâmpago pelo São Paulo, conseguiu levar a equipe baiana a uma arrancada absurda.

O Vitória terminou em 11º, na frente de clubes como Atlético Mineiro, Grêmio e Fluminense, e conseguiu a vaga para Copa Sul-Americana, primeira competição continental desde 2016.

E se tudo isso aconteceu, além do ótimo trabalho do treinador, passou pelos pés da dupla Matheuzinho e Alejandro, essenciais nas vitórias pesadas sobre Flu, Fortaleza, Palmeiras e no empate que quase tirou o título do Botafogo na 35ª rodada.

Sobre o centroavante, foram 15 gols no total, sendo mais de metade (nove) nos últimos 10 jogos, desempenho que o fez superar Estêvão e terminar como artilheiro do Brasileirão ao lado de Yuri Alberto, do Corinthians. Já o meia somou 10 participações em tentos do Vitória.

Fortaleza

Martínez comemora gol do Fortaleza
Martínez comemora gol do Fortaleza (Foto: Iago Ferreira/Photo Premium/Gazeta Press)

Em mais um dos incríveis capítulos desde a revolução iniciada em 2018, o Fortaleza se manteve próximo do topo da tabela por quase toda competição e tinha chances de título até a antepenúltima rodada.

De toda forma, o time alcançou a melhor campanha de um nordestino na história dos pontos corridos (68 pontos) e garantiu a terceira classificação para Libertadores desde 2022.

É o resultado de um trabalho consolidado e respaldado de Juan Pablo Vojvoda, no cargo desde 2021, mantendo um alto padrão tático, que torna o Laion competitivo contra qualquer adversário no país, apesar de um orçamento abaixo em comparação aos times do Sul e Sudeste.

Uma prova é que a equipe cearense não teve um grande destaque individual, com exceção do goleiro João Ricardo, para muitos o melhor do campeonato. Pochettino e Lucero tiveram bons momentos, outros abaixo, o mesmo de Marinho, Breno Lopes, Kayzer e outros.

Decepções: quarteto que lutou contra rebaixamento até o fim se esforçaram para cair

Ao olhar a tabela do Brasileirão, há muitas decepções. Seja por futebol (não) jogado, pouco resultado ou expectativa contra realidade.

Torcedores de São Paulo, Cruzeiro e Grêmio certamente não estão satisfeitos por questões diferentes, mas houve ainda outros times que conseguiram magoar ainda mais as respectivas torcidas.

Fluminense

Fluminense de Mano Menezes precisa vencer para se distanciar da zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro - Foto: Gazeta Press
O técnico Mano Menezes, do Fluminense (Foto: Gazeta Press)

Mesmo sem o rebaixamento, o Tricolor sabe que fez um ano muito ruim. Após ser campeão da Libertadores pela primeira vez, o elenco do time carioca, já experiente, envelheceu e os reforços foram de atletas acima de 30 anos.

Com o estilo característico de Fernando Diniz, só poderia resultar na péssima campanha que culminou na queda do técnico da maior conquista do Flu ao fim de apenas 11 rodadas do Brasileirão, quando somava só uma vitória.

A gestão apostou em um nome completamente contrário em filosofia de jogo, Mano Menezes, e aos trancos e barrancos conseguiu se safar da queda, mesmo somando duas vitórias nas últimas oito rodadas.

No meio da crise, Cano foi um dos mais prejudicados e só entregou sete gols ao longo de todo ano, ante 40 em 2023. Ganso, Arias, Fábio e um improvável Kevin Serna foram as peças que impediram mais um rebaixamento do Fluminense.

Atlético Mineiro

Foto: (Imago) - Atlético-MG tem a pior sequência sem vitórias de sua história
Hulk e Gabriel Milito após jogo do Atlético Mineiro (Foto: Imago)

O foco do Atlético nas copas por pouco cobrou um valor alto demais. Para chegar até a decisão da Libertadores e Copa do Brasil, o time então treinado por Gabriel Milito abriu mão do Brasileirão e se manteve no meio da tabela.

Eis que acontecem os dois vices e o Galo perde totalmente a confiança, momento que as coisas começaram a desandar.

A equipe mineira só venceu uma das últimas 10 rodadas, justamente a última, e conseguiu se salvar do rebaixamento no detalhe. Milito caiu antes da última rodada e Lucas Gonçalves foi o responsável pela vitória decisiva.

Athletico Paranaense

O técnico Cuca durante sua passagem pelo Athletico Paranaense
O técnico Cuca durante sua passagem pelo Athletico Paranaense (Foto: IMAGO)

2024 era para ser um ano histórico do CAP. Além do centenário completo em março, o clube paranaense investiu mais de R$ 75 milhões para fazer uma temporada absurda. Não deu certo.

A gestão colecionou erros de planejamento, seja na montagem do elenco ou nas escolhas de técnicos (só no Brasileirão foram três diferentes). O fim só poderia com um rebaixamento que doerá por muitos anos no torcedor.

O Furacão até chegou na última rodada fora da zona, mas a derrota para o Bragantino, em casa, na rodada anterior deixou a situação muito difícil porque precisaria vencer o Galo fora de casa. O Athletico perdeu, enquanto o Bragantino goleou o Criciúma e se salvou.

RB Bragantino

Pedro Caixinha como técnico do Red Bull Bragantino
O técnico Pedro Caixinha, ex-Bragantino (Foto: Flickr/Red Bull Bragantino)

Com certeza não estava dentro do projeto da Red Bull lutar contra o rebaixamento no Brasil. Após se aproximar do título nacional em 2023 e disputar a Libertadores neste ano, a expectativa seria de pelo menos ir para Sul-Americana, mas passou longe disso.

O Bragantino manteve seu perfil de contratar jovens em oportunidades de mercado, como Lincoln e Jhon Jhon, mas perdeu peças tão importantes que teve muitas dificuldades para se reestabelecer, especialmente Léo Ortiz no início do ano e Helinho no meio da temporada.

O português Pedro Caixinha caiu no fim de outubro e Fernando Seabra o substituiu, período que só perdeu uma e conseguiu duas vitórias decisivas nas últimas rodadas.

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