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Pernambucano, torcedor do Atlético-MG vence distância de 2 mil km para conhecer Arena MRV

Quase 2 mil km separam Ipubi, cidade de 30 mil habitantes do Sertão do Araripe, em Pernambuco, da Arena MRV, estádio do Atlético-MG, clube do coração de Ranniéry Mendes. Sem referência na família, o torcedor atleticano costuma dizer que o Galo o escolheu, porque não há motivo lógico para ele escolher o Alvinegro de Minas Gerais.

Aos 23 anos, Ranniéry mora em João Pessoa, na Paraíba, onde cursa a faculdade de medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Desde o ano passado, ele tentava um intercâmbio nacional em algum hospital. Acabou conseguindo no Hospital do Câncer, em Uberlândia, em novembro de 2024.

O sertanejo pernambucano passou o mês todo planejando uma visita a Belo Horizonte para poder ter a sensação de assistir a uma partida do seu clube do coração pela primeira vez. Porém, o Atlético não pode jogar na sua casa com sua torcida por decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em decorrência das confusões dos torcedores após a derrota para o Flamengo na Copa do Brasil.

No domingo (1), Ranniéry entrou no site da Arena MRV na tentativa de fazer um tour pelo estádio, mas não tinha mais tickets disponíveis. Desesperado com a possibilidade de não conseguir conhecer a casa do Galo, ele enviou 20 e-mails para jogadores, jornalistas e influencers a fim de convencer alguém a ajudá-lo a realizar seu sonho.

Foi então que Fael Lima, apresentador da TV Alterosa, filial da SBT em Minas Gerais, encaminhou sua mensagem para um dos responsáveis pelo departamento de comunicação do clube, que atendeu o pedido do torcedor.

— Fiquei sem acreditar na hora que deu certo, mas acho que o espírito é esse. Apesar da probabilidade de alguém me responder ser muito baixa, eu acreditei mesmo assim. Sempre ter fé, esse é um pouco do espírito do atleticano — comemora.

Ranniéry conheceu a sede do Atlético em Lourdes nessa segunda-feira (2) e visitou a Arena MRV nesta terça (3).

“Segurei o choro para poder sair sorrindo nas fotos. A Arena é linda, tem a cara do Galo. Me senti em casa!”


Como se tornou atleticano

Ranniéry na sede Atlético-MG em Lourdes, bairro de Belo Horizonte (Foto: Arquivo Pessoal)

Com nove anos Ranniéry queria um time para torcer. Em casa, pai, mãe e irmã não têm relação com o futebol. Com um tio palmeirense, outro flamenguista e um amigo vascaíno, ele preferiu abrir a tabela do Brasileirão para escolher para quem iria sua torcida.

De cara, viu o escudo do Atlético e disse “é esse”. A partir de então, o Galo conquistou o coração do jovem paraibano, que carrega com amor o clube no coração.

Mesmo sem ter onde assistir aos jogos, Ranniéry procurou meios de acompanhar o Atlético. Ele lembra com carinho o vice-campeonato brasileiro de 2012 em que Ronaldinho Gaúcho disputava sua primeira temporada com a camisa alvinegra. Porém, mais marcante ainda foi o ano seguinte, em que o Galo conquistou a Copa Libertadores da América.

— Eu lembro de acompanhar no Fox Sports. É uma lembrança muito viva na minha cabeça, o som da música da Libertadores. Eu lembro que ficava até tarde, mesmo tendo que ir no colégio no outro dia cedo, sozinho, sofrendo. Foi bem marcante. Eu sinto que depois desse “boom” do Atlético em 2012 e 2013 teve uma evidência maior em relação aos jogos na cidade — conta Ranniéry.

As redes sociais eram o ponto de proximidade do torcedor no sertão de Pernambuco com o Atlético. Ranniéry seguia os perfis dos jogadores e gostava de assistir ao “Jogo Aberto”, tradicional programa da TV Bandeirantes, em que Heverton Guimarães aparecia para falar do clube mineiro em um programa que evidenciava mais os clubes do eixo Rio-São Paulo.

Ranniéry acompanhou aquela campanha histórica de 2013, marcada pelos mantras “Eu acredito” e “Caiu no Horto, tá morto“, por Instagram e Facebook. “Não tinha um ar na cidade de ir na padaria comprar um pão e ter a galera vestindo a camisa do Atlético“, relembra.

Jogo do Atlético com companhia pela primeira vez

Ranniéry Atlético-MG
Ranniéry na sede da UberGalo, torcida do Atlético-MG de Uberlândia (Foto: Aqruivo Pessoal)

Ainda que não consiga acompanhar um jogo do time do coração na arena, com torcida, Ranniéry já viveu um pouco da experiência de um torcedor em Minas Gerais.

Em Uberlândia, ele comprou uma camisa do Galo e assistiu às finais da Copa do Brasil e da Libertadores na sede da torcida organizada “UberGalo”. Ele também espera ter a oportunidade de retornar à Belo Horizonte para assistir a um jogo do Atlético no estádio e realizar o sonho da criança que há 15 anos, sozinho dentro de casa, começou a torcer pelo time mineiro.

— A energia de assistir a um jogo torcendo com outras pessoas torcendo para o mesmo time que você foi uma sensação indescritível. Pude experienciar lá o que é ser atleticano. Mesmo com as duas derrotas, após o final do jogo, vi a galera cantando o hino do time e não abaixar a cabeça. Para mim, isso é ser Atlético, é esse espírito — diz.

“Apesar de ser um pouco pernambucano, hoje em dia um pouco paraibano, Minas Gerais sempre teve um espaço especial no meu coração por conta do Atlético.”


Cabeça erguida

Ranniéry é um grande exemplo de torcedor e não se deixa abalar pelas derrotas recentes. Ele acredita que um time que chega a três finais no ano (uma delas no Campeonato Mineiro) não pode considerar a atual fase como ruim.

— Eu acho que é uma trajetória a se comemorar. Tem que manter a cabeça erguida, focar na preparação para o ano que vem e ir em busca dos títulos. O atleticano não pode abaixar a cabeça. Tem um professor meu que sempre dizia “abaixar a cabeça só para orar”. A mensagem que deixo para os atleticanos e jogadores é cabeça erguida. Sei que deram raça e o melhor dentro de campo.

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