a influência da Santa na Copa de 58

Pouca gente sabe, mas a história por trás da camisa azul da seleção brasileira é carregada de fé, superstição e uma homenagem especial.
Dito isso, para contarmos a trajetória da ‘azulzinha’, voltemos 66 anos atrás, na final da Copa do Mundo de 1958.
A estreia do Brasil com o uniforme em questão — azul-escuro — foi justamente no dia em que conquistou o seu primeiro título mundial, diante da Suécia, anfitriã do torneio.
A escolha pela cor, no entanto, é o grande ‘X’ da questão.
Por que a escolha pelo azul?
Em 1950, na decisão da Copa do Mundo no Brasil, a seleção foi obrigada a jogar com seu uniforme de número dois, de cor branca, contra o Uruguai. O final dessa partida todos já conhecem: derrota e vice-campeonato diante de 200 mil torcedores no Maracanã — maior público da história das copas.
De tão marcante, o jogo ganhou até um nome próprio: ‘Maracanazo’.
Pois bem, o revés foi tão duro que voltou a reverberar nos bastidores da seleção brasileira oito anos depois. Em 1958, a Canarinho chegava pela segunda vez a uma final de Copa.
Contra a Suécia, dona da casa, o time de Pelé, Garrincha e companhia perdeu o sorteio da escolha dos uniformes. Com isso, teria que jogar, mais uma vez, de branco, já que os suecos tradicionalmente também vestem amarelo.
A notícia caiu como uma bomba no elenco brasileiro, e a superstição de jogar novamente uma final de branco tomou conta. Afinal, a camisa passou a ser considerada ‘amaldiçoada’ após o ‘Maracanazo’.
Apesar do medo da cor ‘atrapalhar’ o Brasil na finalíssima pela segunda vez, jogadores e comissão técnica não viram outra saída e aceitaram vestir o uniforme contra os suecos. Foi então que surgiu a figura de Paulo Machado de Carvalho, então chefe de delegação da seleção.
Com intuito de pedir bençãos ao time brasileiro, Paulo decidiu rezar na véspera da decisão. Quando ele levantou a cabeça do local onde estava, viu a imagem de Nossa Senhora Aparecida na parede — padroeira do Brasil desde 1930 — com seu manto azul. Dali, veio a inspiração para a camisa que a seleção usaria.

O azul de Nossa Senhora trouxe sorte à seleção brasileira
Ao escutar a solução encontrada por Paulo Machado, a delegação brasileira saiu às ruas de Estocolmo, cidade sueca onde a seleção estava hospedada, e comprou um kit com 22 camisas azuis em uma loja especializada.
Horas antes da final, o massagista Mário Américo e o médico Francisco Alves costuraram e bordaram o escudo da CDB (atual CBF) e os números na nova camisa. Deu tudo certo.
Sob a benção de Nossa Senhora Aparecida, o Brasil entrou em campo de azul, venceu a Suécia por 5 a 2 e faturou o primeiro título mundial de sua história. Zagallo, Vavá (2) e Pelé (2) marcaram os gols na partida.
Desde o dia 29 de junho de 1958, data da conquista brasileira em solo sueco, a camisa azul se tornou oficialmente o uniforme reserva da seleção brasileira.

A força da santa no Brasil e no futebol
Visitada por atletas, técnicos e dirigentes, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, localizada em Aparecida (interior do Estado de São Paulo), tem em seu interior a chamada ‘Sala das Promessas’. Neste local, os fiéis deixam objetos como forma de agradecimento à Santa por alguma oração/pedido atendido.
Na sala citada, há uma ala dedicada especificamente aos objetos de esportistas. Entre os artefatos, destacam-se camisas da seleção brasileira, desde as mais antigas até as mais novas.
