BC acelera alta dos juros e eleva Selic a 11,25%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou os juros em 0,5 ponto nesta quarta-feira (6), levando a Selic ao patamar de 11,25% ao ano.
O movimento era esperado pelo mercado e mostra a aceleração do aperto da política monetária iniciado no último encontro, em meio à deterioração das expectativas para a inflação deste ano e de 2025.
Em setembro, o colegiado já havia decidido de forma unânime pelo aumento de 0,25 ponto na Selic, passando a 10,75%, a primeira elevação desde agosto de 2022.
A decisão do Copom deixa os juros no mesmo patamar de fevereiro deste ano. Porém, à época, o colegiado estava em ritmo de corte das taxas, encerrando o ciclo de baixa em maio, a 10,5% ao ano.
Analistas do mercado esperam que o movimento de alta seja mantido no último encontro do Copom em 2024, entre 10 e 11 de dezembro, com nova elevação de 0,5 ponto, a 11,75% ao ano, segundo dados do Boletim Focus publicados nesta segunda-feira (4).
A direção, porém, deve ser revertida ao longo dos próximos meses, com as expectativas apontando para a taxa básica de juros em 11,25% ao fim de 2025.
Piora das expectativas
As expectativas do mercado para a inflação pioraram desde a última reunião do colegiado, entre 18 e 19 de setembro, com o aumento das incertezas globais com a proximidade das eleições nos Estados Unidos, realizadas nesta terça (5), além do cenário de tensão ainda elevado no Oriente Médio.
Na pauta doméstica, o agravamento do quadro foi puxado pelo aumento da desconfiança dos investidores na política fiscal do governo. O temor escalou nos últimos dias, em meio indefinições da equipe econômica em apresentar um pacote de ajustes das contas públicas.
Em resposta à disparada do dólar — que chegou a bater o maior patamar em mais de quatro anos — e críticas, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na segunda que o conjunto de medidas deve ser apresentado até o fim desta semana.
O cenário fez com que as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fosse a 4,59% no último Focus, ultrapassando o teto da meta perseguida pelo BC, de 4,5%.
Para o ano que vem, a expectativa para a inflação subiu para 4,03%.
A autoridade monetária persegue centro da meta de 3%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.