Treinador da Espanha reclama por não ter recebido aumento após título da Eurocopa

O técnico da Seleção Espanhola, Luis de la Fuente, campeão da Eurocopa 2024, vive um momento de tensão com a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) em relação à sua situação contratual.
Apesar do prestígio adquirido após a conquista nesta temporada, ele ainda trabalha sob os mesmos termos que possuía quando subiu da seleção sub-21 à principal.
Recentemente, em entrevista à rádio espanhola Cadena SER, Luis de la Fuente não escondeu sua frustração com a demora na formalização de um novo contrato que, de fato, reflita seu status de atual campeão da Euro.
Questões políticas atrasam a renovação de treinador da Espanha
A imprensa espanhola, incluindo o portal Relevo, aponta que a crise interna na Federação, desencadeada pela mudança de gestão de última hora, é a principal causa pela não renovação do técnico Luis de La Fuente.
O então presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Pedro Rocha, que assumiu o cargo em abril este ano, chegou a um acordo com Luis de la Fuente para um aumento salarial durante a Eurocopa.
No entanto, o Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) tirou o dirigente do cargo logo após a disputa internacional, e agora a RFEF passa por um processo eleitoral – que deve definir o novo presidente apenas em 2025.
De La Fuente, que assumiu a seleção principal em dezembro de 2022, substituindo Luis Enrique, afirmou que, mesmo satisfeito com o trabalho, deseja que as conversas sobre seu novo contrato sejam finalizadas.
“Até a Copa do Mundo eu tenho meu contrato, assim como minha equipe [auxiliar]. Minha equipe melhorou suas condições, mas eu tenho as mesmas condições de quando fui promovido da equipe sub-21. Tenho um contrato como executivo sênior e não como técnico de alto nível. Estou feliz, mas quero continuar feliz.”
O técnico espanhol ainda mencionou que, em outra situação, com Luis Enrique, por exemplo, esse problema poderia já ter sido resolvido, levantando questões sobre a maneira como a Federação tem lidado com ele.
“É possível que com Luis Enrique isso já tivesse sido resolvido, não sei. Sinto o apoio das pessoas na RFEF e ainda mais agora. No momento, estou esperando, mas estou tranquilo.”
Apesar de seu staff melhorado o contrato, o técnico segue recebendo o mesmo salário, que segundo o Relevo é de cerca de 600 mil euros anuais (R$3,6 milhões).
Em fevereiro último, o treinador até renovou seu contrato até o Mundial de 2026, ativando uma cláusula que existia em seu contrato. Mas, aparentemente, o acordo não veio com um aumento salarial.
De La Fuente critica documentário de Luis Enrique no PSG
Além de mencionar Luis Enrique ao discutir sua questão contratual, Luis de la Fuente também criticou abertamente a série documental lançada recentemente pelo ex-técnico da Seleção Espanhola.
“No tenéis ni p* idea” (“Vocês não fazem a mínima ideia”, em tradução livre – mas sem palavrões) é uma série que acompanha Luis Enrique durante sua primeira temporada como técnico do PSG.
Dividida em três episódios e transmitida pela Movistar+ na Espanha, a produção revela os bastidores de sua rotina profissional e pessoal, com cenas que mostram interações com os jogadores do PSG.
Na entrevista à Cadena SER, o atual técnico da Seleção Espanhola foi direto ao afirmar que não pretende assistir à série e mostrou seu desconforto com a exposição das conversas privadas entre Enrique e os jogadores.
Em uma delas, o técnico do Paris Saint-Germain critica o posicionamento defensivo de Kylian Mbappé após o jogo de ida das quartas de final da Champions League 2023/24, contra o Barcelona:
“He leído que te gustaba Michael Jordan”.
“Michael Jordan se ponía a defender como un hijo de p***”.#LuisEnrique 🗣️ Mbappé
📼 Lunes 7, ‘𝑵𝒐 𝒕𝒆𝒏𝒆́𝒊𝒔 𝒏𝒊 **** 𝒊𝒅𝒆𝒂’ Capítulo 2. pic.twitter.com/VSYqtTAIsl
— Fútbol en Movistar Plus+ (@MovistarFutbol) October 3, 2024
Para Luis de la Fuente, esse tipo de conteúdo não deveria ser divulgado publicamente:
“Conversamos muito com os jogadores, mas não para compartilhar ou tornar isso público, pois essas são coisas particulares e, se uma conversa é particular, não precisa ser compartilhada. Eu não gosto disso. Não fazemos isso como parte de nossa rotina [como técnicos].”