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cravar um porquê de favoritismo

Finais continentais já tendem a ser no limite, em partida única mais um pouco, e soma-se ainda o campo neutro, estrangeiro, para dois times de um mesmo país. Atlético-MG e Botafogo daqui um mês, em Buenos Aires, tem tudo para ser um barato e um jogaço, difícil para quem se arriscar a cravar um motivo, um mínimo porquê, que possa ser apontado e cravado como razão de favoritismo de um alvinegro, o de Belo Horizonte ou o do Rio de Janeiro.

O Galo já ganhou a América, é verdade, e tendo a concordar que o ineditismo rival guarda suas dificuldades e seus traumas. O Botafogo tem uma temporada mais consistente, líder incontestável da tabela nacional, mas quem se importa numa decisão dessas?

Trata-se de uma finalíssima 50 a 50 de manual, aquele equilíbrio cravado na pedra.

Botafogo contraria a ‘tradição’ da Libertadores

O Botafogo tem pressa. Seu dono, John Textor, jamais aceitou a derrocada no último ano, sugerindo uma pitoresca análise de comportamento duvidoso de jogadores alheios, insinuando uma luta por justiça, veja só, coincidentemente, logo na disputa que seu time conseguiu perder de forma inacreditável.

Diziam até uns dez anos atrás, quando a Libertadores era um torneio com enfrentamentos internacionais mais ingratos, que para vencê-la era preciso antes disputá-la ano após ano. Balela. O Glorioso provavelmente vai voltar, claro que vai. É o principal candidato a levar o Brasileirão também. Mas a maior taça de todas se oferece em Buenos Aires e o vestiário foi montado para virar pôster deste tamanho, e já.

O melhor onze e melhor elenco do país maturou as novidades em duas epopeias em terras paulistanas, contra Palmeiras e São Paulo. Não que o time tivesse muitos buracos, mas Vitinho, Alex Telles, Almada e Igor Jesus viraram titulares porque elevaram o nível técnico visível e rapidamente.

Artur Jorge comemorou com a torcida do Botafogo depois da classificação no Centenário (Foto: Vitor Silva/Botafogo)

É uma equipe mais completa, mais inteira e mais letal. Foi Rogério Ceni quem disse outro dia, depois dum jogo pelo Bahia, que quem entra na loucura do Botafogo não consegue acompanhar. Que timaço.

É preciso também dizer que os vacilos finais diante de palmeirenses e são-paulinos deixam um alerta. E que, enquanto o último botafoguense vivo não conferir uma taça de primeiro escalão sendo novamente erguida por um capitão alvinegro, ele seguirá desconfiado. Tem coisas que só acontecem com o Botafogo, tem mesmo. É muita bola em campo, mas é muito demônio para afastar também. 

Atlético-MG paga sua dívida

O Galo estava devendo essa. Não assim num olhar mais longo, porque três anos atrás tirou onda ganhando Brasileirão e Copa do Brasil ao cravar Hulk como um ídolo histórico em Minas Gerais. Mas em Libertadores havia frustração recente, e muita.

As três quedas para o Palmeiras foram mais que o normal, e perdendo pênalti, com jogador a mais, vacilando perto do fim… Agora, enfim, saiu. O atleticano sabe o quanto tem sido difícil chegar lá, e 90 minutos parecem um pulo.

Milito achou um novo Galo com Junior Alonso, Lyanco, Fausto Vera e, especial e principalmente, Deyverson. A entrada de bons defensores, um volante competente, até aí tudo bem. Havia Scarpa, chegou Bernard, coisas para um time mais ou menos, digamos, imaginável.

Hulk e Deyverson celebram gol contra o River
Hulk e Deyverson celebram gol contra o River (Pedro Souza/Atlético)

Mas não estava muito simples apostar que um centroavante do Cuiabá, aos 33 anos e convidado a deixar a elite do continente após o fim do ciclo no Palmeiras, se tornaria o balanço do ataque, o artilheiro e a milonga necessárias para um time finalista.

Enfim, quem não é nem um, nem outro, terá um sábado divertido, um 30 de novembro cheio de gente boa de bola prontinha para a eternidade de seus escudos – metade ficará pelo caminho.

Aos botafoguenses e atleticanos, aquele mês tão esperado, impossível de se reproduzir e que geralmente nem dá conta de ser alcançado quando a bola rola, porque é a delícia da ansiedade da noite para sempre. Que venha um grande jogo. Só pelo jeito que passaram nos últimos jogos, a taça já está em boas mãos.

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