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D’Alessandro quer que seu retorno ao Internacional simbolize união entre desafetos no clube

D’Alessandro quer que seu retorno ao Internacional simbolize união entre desafetos no clube

Ao lado do também recém-chegado André Mazzuco, diretor executivo, Andrés D’Alessandro foi apresentado oficialmente nesta segunda-feira (26), no Beira-Rio, como novo diretor esportivo do Internacional.

Em mais de uma hora de entrevista coletiva, o ídolo colorado, eloquente como é, adotou discurso motivacional. Em parte, algo que também já faz com o grupo de jogadores.

D’Alessandro quer que seu retorno ao Inter, agora fora das quatro linhas, sirva como recado de união para o clube. Afinal, ele tinha atrito com o presidente Alessandro Barcellos.

O principal motivo era uma dívida, que chegou à casa dos R$ 3 milhões, e que o ídolo colorado tornou pública em julho de 2023, quando retornou ao Beira-Rio como coordenador técnico do Cruzeiro.

No final do ano passado, D’Alessandro apoiou Roberto Melo, candidato de oposição, na eleição para a presidência do Inter. Em caso de vitória, o ídolo colorado faria parte do departamento de futebol, assim como Abel Braga. Agora, Barcellos, que foi reeleito, aparou arestas com o argentino.

— Fiz parte da eleição do clube porque tinha recebido um convite do Roberto Melo, com o intuito de voltar a trabalhar no Inter. Nunca quis ser um ex-atleta envolvido na política, gostaria de ser um ex-atleta institucional — frisou D’Alessandro, que citou nominalmente ex-dirigentes do clube, da oposição, com quem tem bom relacionamento.

Mas aceitei o convite porque o presidente Alessandro, e isso fala bem dele, me ligou, a gente conversou muito, e o que menos se falou foi da dívida. O que mais falamos foi do Inter, do clube, do que a gente pode fazer juntos — garantiu.

Em sua última fala na entrevista coletiva, D’Alessandro voltou a citar, mesmo que indiretamente, a superação do atrito político com Barcellos para convocar a torcida colorada.

— Queria chamar o torcedor, falar que precisamos deles. Eles sempre estiveram, mas precisamos de união. A minha vinda ao clube é uma situação clara de união. Falou-se tanta coisa depois das eleições, e hoje estou aqui, trabalhando no clube, sendo convidado para voltar — exemplificou.

D’Alessandro explicou que sua função no organograma do departamento de futebol do Inter será a de elo entre jogadores, comissão técnica e diretoria.

Com experiência de quem jogou profissionalmente por mais de duas décadas, e sempre se destacou pela liderança, o ex-meia terá conversas frequentes com os atletas colorados. Isso já aconteceu — e, de certa forma, fez efeito — antes da vitória por 1 a 0 sobre o Cruzeiro, no último domingo (25), pelo Campeonato Brasileiro.

— O que o atleta precisa entender é a postura que tem que ter o atleta do Sport Club Internacional. O meu trabalho nesses primeiros dias foi conversar com eles. Conversei sozinho com eles. Acho que uma conversa sincera e aberta, de cara limpa, é importante. Eu gostava que o diretor fosse assim comigo. Não adianta mentir para o jogador, não tem que vir com papo furado, porque o jogador não vai acreditar.

— Olhando de fora, o elenco que o Inter tem é um dos melhores dos últimos anos, em termos de qualidade. Elenco. Só que nós temos que ter um time, temos que ter um grupo. E isso não é fácil de conseguir. Todo mundo tem que comprar a ideia. Todo mundo tem que gostar do clube. Todo mundo tem que querer, suar a camisa, se não, não tem jeito. Todo mundo tem que trabalhar — afirmou

‘O D’Alessandro atleta já ficou para trás’

Apesar da belíssima trajetória construída como jogador do Inter, com quem foi campeão da Libertadores, da Copa Sul-Americana, da Recopa Sul-Americana e heptacampeão gaúcho, D’Alessandro está ciente de que sua função agora é outra. E que isso também precisa ficar claro para a torcida colorada.

O que eu fiz não tem nada a ver com o que eu preciso fazer. O fato de ter vivido uma história como atleta aqui no clube não me dá mais autonomia e direitos do que eu tenho hoje como diretor esportivo — afirmou.

— O D’Alessandro atleta já ficou para trás, está guardado, com ótima lembrança. Mas eu preciso construir agora, preciso mostrar outra [competência], até porque quero evoluir na minha função, evoluir fora das quatro linhas —  acrescentou.

Mas, naturalmente, estar de volta ao clube que defendeu por 14 temporadas é especial para D’Alessandro, que sempre se emociona ao falar da importância que o Inter tem em sua vida.

— Acho que a ficha não caiu ainda, de estar aqui novamente. Descrever o que significa o Inter na minha vida é complicado, é difícil. Hoje eu consigo falar um pouquinho melhor, sem externar muito meu sentimento, mas às vezes dá uma [embargada na] minha voz. O Inter representa muito mais do que vocês imaginam na minha vida, não só na minha carreira.

— Quando mexe com a família é porque tomou proporção diferente. Não só com minha família aqui, pai, mãe. Quando eu falei com eles, e disse que iria voltar para trabalhar para o clube, minha família aqui, meus filhos, minha mulher estavam mais felizes do que eu — contou.



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