Era janeiro de 2023 quando o goleiro Rafael deu sua primeira entrevista como jogador do São Paulo e falou em viver a “maior aventura da carreira” em sua apresentação como reforço do clube.
Um ano e dez meses mais tarde, o goleiro afirma com todas as letras que o Tricolor mudou não apenas a sua carreira. Mas toda a sua vida.
— Com certeza, mudou completamente a minha vida e para melhor. Eu estou muito feliz e espero que eu possa continuar vivendo o que eu tenho vivido aqui por muitos anos — Rafael, em entrevista exclusiva à Trivela.
Não poderia ser diferente. Aos 35 anos, Rafael vive o auge de sua carreira. Virou goleiro de seleção brasileira.
Foi campeão inédito da Copa do Brasil, protagonista da conquista da Supercopa do Brasil e se tornou o jogador com mais títulos nacionais na história.
Hoje, Rafael tem o reconhecimento merecido pela carreira que construiu. E o conquistou no mesmo São Paulo de Waldir Peres, Zetti e Rogério Ceni — técnico que pediu sua contratação.
Em entrevista exclusiva à Trivela, Rafael abriu seu coração e se declarou ao São Paulo, que aprendeu a chamar de casa. Casa que ele espera que seja a última de sua carreira. O goleiro virou são-paulino e quer se aposentar no clube que mudou sua vida.
Defesa a Zubeldía
Como um dos líderes do elenco, Rafael também aproveitou a entrevista para sair em defesa de Luis Zubeldía.
O goleiro deu uma amostra de que o elenco está fechado com o técnico e que também sentiu o processo de “fritura” por que o treinador passou recentemente.
— A gente tem uma confiança total na comissão e na diretoria, e eles também têm confiança no elenco. A gente sabe o quanto que trabalha, que a gente se dedica. Sempre que sai alguma notícia ou da comissão ou da diretoria, é como se tivesse também nos atingido, porque nós temos hoje um grupo de trabalho no São Paulo muito sério e que todos sentem como uma família mesmo. Isso é algo surreal e eu acho que isso que faz muita diferença hoje no São Paulo. Nós temos hoje um ambiente de trabalho muito legal, e isso faz com que a gente saiba que as notícias talvez infundadas que correm por fora, elas não vão afetar o nosso ambiente de trabalho — defende Rafael.
— Eu acho que essa paixão que ele transmite, que ele mostra até também dentro de campo nos jogos, isso com certeza contagia toda a equipe. A gente gosta muito desse jeito frenético dele de jogar junto com a gente — Rafael, sobre Zubeldía.
Confira os principais trechos da entrevista com Rafael:
Chegada para viver “maior aventura da carreira”
— A expectativa era de conquistar grandes coisas, de viver grandes coisas igual eu venho vivendo. Mas a cada dia que eu estou aqui eu me surpreendo ainda mais com o que eu vou vivendo. Eu acho que eu tinha uma ideia, mas eu não imaginaria que ia ser tão especial como está sendo desde o início da minha chegada aqui ao São Paulo. É um sonho que eu sempre tive, que está sendo realizado e está sendo muito bem vivido.
Reconhecimento aos 35 anos
— Eu acho que aqui eu consegui um alcance maior desse reconhecimento. Eu acho que eu fui bem reconhecido em todas as equipes que eu trabalhei, e isso me deixa muito feliz. Foi importante esse reconhecimento, tanto no Cruzeiro quanto no Atlético, porque me fizeram chegar ao São Paulo. Mas com certeza eu acho que eu consegui criar um vínculo muito forte com o torcedor, com o clube.
Nós já conseguimos conquistar dois títulos muito importantes, eu acho que tudo isso fez com que a gente pudesse se aproximar ainda mais e que esse reconhecimento viesse. Fico muito feliz de poder ter esse reconhecimento num clube em que grandes referências de goleiros do futebol mundial passaram e trabalharam. Conquistar um reconhecimento da torcida que acostumou a ver Zetti, a ver Rogério Ceni, Waldir Peres jogar.
Como é ser o jogador com mais títulos brasileiros na história
— Com certeza, a gente sabe que no futebol é muito importante ganhar, estar sempre em grupos vencedores. E eu sempre falei desde a minha chegada que o São Paulo ia me dar possibilidade de conquistar, de alcançar todos os meus objetivos.
“Em tão pouco tempo de clube, eu já tive a oportunidade de ir para a Seleção, de ganhar uma Copa do Brasil, uma Supercopa. Eu tenho certeza que só consegui chegar, porque o São Paulo me proporcionou a oportunidade de conquistar com meus companheiros.
Melhor ano da carreira?
— Os dois anos que estou aqui são os melhores anos da minha carreira. Esse ano também conquistamos um título importante, que é a Supercopa. Estivemos muito próximos de chegar à semifinal da Copa do Brasil e da Libertadores. A diferença de você passar ou não, por ter também grandes adversários, é muito pequena, mas nós fizemos grandes jogos, e eu tenho certeza que a gente tinha capacidade, pelo que a gente produziu, de estar nessas semifinais.
É claro que a gente queria conquistar mais títulos, mas eu acho que a gente está sempre brigando, sempre próximo, e tenho certeza que nós vamos, se Deus quiser, ter muitos títulos pela frente para conquistar e dar alegria ao torcedor.
Pacto por G4?
— A gente tem conversas todos os dias aqui para traçar nossas metas. O Zubeldía conversa e explica muito para a gente, e a gente tem tratado com certeza esses últimos jogos como finais, porque o nosso objetivo é sempre ganhar. Agora, é buscar essa vaga direta para Libertadores, que a gente sabe que é muito importante para o clube, e nós vamos fazer isso. Cada jogo aqui a gente vive como se fosse uma final realmente. Esse é o nosso pensamento para que ano que vem a gente possa conquistar ainda mais títulos e dar alegria para o torcedor
Intensidade de Zubeldía
“Ele é um cara que vive muito futebol, ele é um cara que ama o futebol. Tem esse interesse, essa paixão pelo futebol, de estudar o futebol. Então, toda vez que a gente entra no CT, a gente vivencia o tempo inteiro o futebol”. (Rafael, sobre Zubeldía)
— As televisões (do CT) estão sempre passando lances dos próximos adversários. Tudo isso para que a gente tenha ainda mais esse interesse de estudar, de entender. Eu acho que essa paixão que ele transmite, que ele mostra até também dentro de campo nos jogos, isso com certeza contagia toda a equipe. A gente gosta muito desse jeito frenético dele de jogar junto com a gente.
Rafael não pensa em aposentadoria…
— Eu me sinto muito bem. Desde que eu cheguei aqui eu até tinha conversado com o pessoal, eu fui para todos os jogos, eu não tive acho que nenhuma sessão que eu fiquei fora nem de treinamento, nem de jogos, então isso demonstra que eu estou muito bem também com o meu corpo, eu estou muito feliz também com a parte psicológica, minha família bem adaptada, feliz com o clube, eu acho que isso tudo também é muito importante, a gente faz um, a gente tem aqui um grande trabalho de profissionais que nos auxilia, então assim, eu espero poder ainda viver o futebol. Que eu amo, muitos anos da minha vida, porque pra mim é um prazer acordar, levantar e sair de casa pra vir trabalhar.
… Mas quer se aposentar no São Paulo
— Eu estou muito feliz aqui no São Paulo, e já falei que a minha expectativa é de terminar com certeza minha carreira no São Paulo. Tenho mais um ano ainda de contrato, e a questão dessa extensão eu deixo sempre para os meus empresários, para a diretoria.
— Não tenho vergonha nenhuma de falar que eu sou muito feliz aqui, e aminha meta realmente é poder terminar minha carreira aqui vestindo a camisa de São Paulo, que é um sonho. É um clube que abriu as portas para mim, que me fez conquistar muitas coisas e objetivos — Rafael.
Renovação já saiu?
— Não, mas eu estou bem tranquilo. Eu já falei com o presidente, já falei com o Rui… A minha assinatura eles já têm, então eu estou bem tranquilo quanto a isso. Eles confiaram em mim desde a minha chegada, fizeram um esforço para que eu pudesse estar aqui, e eu sou muito grato a eles por tudo. Vai ser bem tranquilo, e na hora que eles quiserem eu vou estar pronto aqui para assinar.