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No Dia Mundial contra LGBTfobia, capitão se recusa usar arco-íris

A última rodada da Ligue 1 acontece no Dia Mundial contra a LGBTfobia. Como iniciativa, os clubes da elite francesa usarão cores do arco-íris para dar visibilidade à comunidade. Entretanto, Mostafa Mohamed, capitão do Nantes, se recusou participar da ação.

Mesmo com sua equipe na briga contra o rebaixamento para a segunda divisão, o atacante egípcio anunciou em suas redes sociais que não entrará em campo por “respeito as suas crenças”. Muçulmano, o jogador de 27 anos alega que “seus valores e raízes tornam sua contribuição à iniciativa muito difícil”.

Neste sábado (17), todas as braçadeiras de capitão terão as cores ligadas à causa LGBTQIA+. Mohamed declarou que não queria “acender um debate”, mas pediu “calma e compreensão” para justificar sua ausência na iniciativa da Ligue 1.

“Cada um carrega sua própria história, cultura e sensibilidade. Viver em sociedade também significa reconhecer que a diversidade pode ser expressa de forma diferente dependendo da pessoa”, começou o atacante do Nantes.

— Acredito no respeito mútuo. No respeito que devemos aos outros, mas também no respeito que devemos a nós mesmos.

O clube do egípcio está na 15ª posição do campeonato com 33 pontos, apenas dois à frente do Le Havre, que está na zona de playoffs do rebaixamento. Para garantir a permanência na Ligue 1, o Nantes precisa fazer sua parte contra o lanterna Montpellier, no Stade de la Beaujoire.

Essa não é a primeira vez que Mostafa Mohamed toma essa atitude

Mohamed chegou à Ligue 1 em 2022 por empréstimo do Galatasaray. À época, o futebol francês já realizava a campanha do Dia Mundial contra a LGBTfobia. Entretanto, o atacante egípcio nunca participou da iniciativa com as cores do arco-íris.

Nas últimas temporadas, Mostafa Mohamed sempre ficou de fora da lista de relacionados do Nantes por não querer participar da ação em prol da comunidade LGBTQIA+. Procurado pelo site “The Athletic”, o clube francês não se pronunciou sobre a atitude de seu capitão.

Desde 2021, a Ligue 1 promove a campanha do Dia Mundial contra a LGBTfobia como forma de aumentar a conscientização dos direitos da comunidade e sua presença dentro do futebol, que é um espaço historicamente preconceituoso.

Lionel Messi veste camisa do PSG com números nas cores do arco-íris na temporada 2022/23 Foto: (Imago)

Em cada um dos últimos três anos, os times das principais divisões francesas demonstraram seu apoio às pessoas LGBTQIA+ personalizando suas camisas com as cores do arco-íris em dias de jogo. Nas duas primeiras edições, os clubes deixaram os números coloridos nas costas.

Já em 2023, os treinadores usaram braçadeiras do arco-íris e jogadores vestiram uniformes coloridos, cujos equipamentos foram leiloados para arrecadar fundos para instituições de caridade contra a LGBTfobia.

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Na Ligue 1, outros nomes já se recusaram a participar da campanha contra a LGBTfobia

Nem todos jogadores aceitam participar da campanha da Ligue 1 em prol da comunidade LGBTQIA+ Foto: (Icon Sport)
Nem todos jogadores aceitam participar da campanha da Ligue 1 em prol da comunidade LGBTQIA+ Foto: (Icon Sport)

O desejo de não participar da iniciativa da Ligue 1 em prol da comunidade LGBTQIA+ não é uma exclusividade do atacante do Nantes. Nos últimos anos, diversos nomes já se recusaram a fazer parte da ação a favor da diversidade.

Em 2023/24, Mohamed Camara, então meia do Monaco e com passagens pela seleção de Mali, chegou a ser banido por quatro jogos pela Liga Francesa de Futebol (LFF) após cobrir uma mensagem anti-homofobia em sua camisa com uma fita branca.

À época da suspensão, a LFF confirmou que “a recusa de Camara em realizar uma ou mais ações de conscientização sobre o combate à LGBTfobia” foi a causa da sanção. O meia agora veste as cores do Al Sadd, do Catar.

Já em maio de 2023, o Toulouse tirou alguns jogadores da lista de relacionados porque eles não queriam participar da campanha a favor da visibilidade LGBTQIA+. Até mesmo um ex-jogador do PSG foi o centro da mesma polêmica.

Em 2021 e 2022, Idrissa Gueye não jogou as duas partidas que os Parisienses usaram camisas com os números nas cores do arco-íris. O volante chegou a ser criticado por figuras políticas da França, porém, foi defendido em Senegal, sua terra natal. Por lá, a homossexualidade é ilegal.

Homossexualidade é tabu nos vestiários

Jonathan Clauss, do Nice Foto: (Imago)
Jonathan Clauss, do Nice, reconhece que homossexualidade é tema sensível no futebol Foto: (Imago)

Antes do Dia Mundial contra a LGBTfobia, Jonathan Clauss, lateral-direito do Nice, concedeu uma entrevista ao “The Athletic” para falar sobre como a homossexualidade é um tabu nos vestiários. Até o momento, nenhum jogador assumidamente gay jogou na Ligue 1.

“Não sei se já joguei ao lado de jogadores gays, porque ninguém jamais falou sobre isso. É algo mal visto, alguns jogadores não querem nem ouvir falar sobre homossexualidade. Eles pensam: ‘Se eu aceitar, vão achar isso ou aquilo.’ Mas eu não me importo nem um pouco”, começou o francês de 32 anos.

— Precisamos educar os jovens desde a escola. Hoje, se uma criança de 10 ou 12 anos diz que não tem problema em ter um amigo gay, outras dez discordam.

Clauss e os demais jogadores do Nice participaram de workshop sobre o combate à homofobia em fevereiro. Contudo, o lateral francês acredita que conscientizar os atletas a partir do nível profissional talvez seja o caminho mais longo para o respeito à comunidade no futebol.

— Gostaria que um jogador se assumir (gay) não tivesse impacto nenhum — nem positivo, nem negativo — no vestiário. Mas acho que não estarei por aqui para ver isso acontecer.



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