Palmeiras se sente mais prejudicado que o Cruzeiro por ausência de público no Mineirão

A partida entre Cruzeiro e Palmeiras nesta quarta-feira (4) será realizada às 21h30 sem público no Mineirão devido a um imbróglio entre os clubes e meios responsáveis pela realização do jogo com segurança para os torcedores.
O clube mineiro tem grandes queixas, uma vez que a ausência de torcedores está relacionado a uma emboscada de uma torcida organizada do Palmeiras contra um ônibus com cruzeirenses. Um morreu. A Trivela apurou, porém, que o Alviverde se sente ainda mais prejudicado.
O duelo é decisivo para os dois times no Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro quer entrar no G-8 e se classificar para a próxima edição da Libertadores, enquanto o Palmeiras disputa o título da competição com o Botafogo.
O Palmeiras alega que tentou todo esse tempo evitar de jogar sem a torcida por entender que os outros torcedores não poderiam ser punidos por uma questão envolvendo uma organizada.
Enquanto isso, o Cruzeiro, que chegou a pedir que houvesse torcida única na partida, diz que vem desde 18 de novembro tentando interlocuções com todos os meios responsáveis para que houvesse torcida no estádio.
A reportagem apurou com pessoas ligadas ao Palmeiras que o clube paulista se sente amplamente punido uma vez que é institucionalmente rompido com a Mancha Verde, enquanto o Cruzeiro tem relações estreitas com a Máfia Azul.
Rompimento entre Palmeiras e Mancha Verde
Inclusive, Leila Pereira, presidente do Verdão, tem medida protetiva contra o presidente e o vice-presidente da torcida organizada em questão — Jorge Luiz Sampaio Santos (foragido após ser indiciado por homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa na emboscada a um ônibus com torcedores do Cruzeiro) e Felipe Mattos dos Santos, respectivamente.
Já a Máfia Azul, que foi vítima no último episódio e que tem uma guerra antiga com a Mancha Verde, faz reunião com o Cruzeiro, como foi o caso do dia 26 de novembro, quando a organizada cruzeirense se reuniu com jogadores (Cássio, Lucas Silva, Villalba, Marlon), dirigente (Edu Dracena) e o técnico Fernando Diniz.
A reunião com a Máfia Azul, que está proibida de frequentar os estádios dentro do Brasil por conta de uma briga contra torcedores do Atlético-MG, aconteceu antes da partida contra o Grêmio. Na ocasião membros da organizada cobraram melhores resultados do time, após a perda do título da Copa Sul-Americana para o Racing na final.
“Nós somos rompidos com a Mancha Verde, enquanto o elenco do Cruzeiro faz reunião com a Máfia Azul”, disse uma fonte da Trivela no Palmeiras.
Indignação do Cruzeiro
O Cruzeiro emitiu um comunicado no início da tarde de hoje manifestando profunda insatisfação e indignação com o desenvolver dos acontecimentos que culminaram com a decisão que a partida desta noite aconteça com os portões fechados.
— A partir do primeiro momento, o Cruzeiro deixou claro sua preocupação com o quesito segurança para a partida em questão, devido aos recentes acontecimentos registrados de violência. Dessa forma, pediu garantias aos órgãos de segurança para que a partida acontecesse com as duas torcidas e, caso não fosse possível, que ao menos a torcida cruzeirense tivesse acesso ao estádio, uma vez que não podia ser penalizado por atos que não foram de sua responsabilidade — diz a nota.
CEO do Cruzeiro, Alexandre Mattos manifestou raiva e indignação com a ausência de público para a partida de logo mais. Ele enfatizou que o clube vem trabalhando a situação com os órgãos competentes há mais de 10 dias e ressaltou que faltou uma solução do comando da Polícia Militar de Minas Gerais com antecedência, algo que foi pedido pela Raposa diversas vezes.
— O Cruzeiro se sente muito prejudicado, porque o Cruzeiro com sua torcida é um time muito mais forte e a possibilidade de vitória aumenta muito. A revolta é de todos aqui. A CBF colocou a questão de isonomia do campeonato, mas o Cruzeiro está muito prejudicado, porque não terá 40 mil ao seu lado. O jogo hoje que já é duríssimo, que temos nossos desfalques, não temos a nossa torcida, que seria o principal jogador da equipe, como é desde sempre.
Entenda o caso
Toda essa confusão se deu por conta de um episódio trágico, que vitimou uma pessoa e deixou 20 feridos em uma rodovia de São Paulo no fim de outubro, quando uma torcida organizada do Palmeiras fez uma emboscada contra um ônibus com cruzeirenses. Um morreu.
No dia 18 de novembro, o Cruzeiro enviou um ofício à FMF e CBF solicitando torcida única para evitar um novo embate entre as torcidas. Ação que ganhou apoio do vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões. Imediatamente, o clube paulista se manifestou contra o pedido.
A CBF informou que não seria possível, por regra, que a partida fosse jogada com torcida única. Sem a garantia de segurança da Polícia Militar de Minas Gerais, a entidade então determinou no último domingo (1) que a partida aconteça com portões fechados.
O Palmeiras acatou a decisão, diferente do Cruzeiro, que pressionou o Governo de Minas Gerais para que garantisse a segurança para a realização do jogo também com a presença de torcedores palmeirenses.
O governo de Minas acionou a Justiça comum para liberar a presença de torcedores cruzeirenses no jogo, mas teve os pedidos negados na esfera judicial.
Segundo Alexandre Mattos, a CBF pediu na noite dessa terça-feira (3) um novo posicionamento da polícia e dizendo que reverteria a decisão caso o órgão garantisse a segurança. A PMMG soltou uma nota por volta de 00h20 dizendo que daria o serviço e o mesmo comunicado chegou ao Cruzeiro apenas hoje às 6h20.
A informação chegou de forma tardia para ambos os lados e ficou inviável a operação para receber torcedores no confronto desta noite.