O Flamengo tem um braço importante de formação de atletas em Curitiba. Desde 2018, o Trieste, clube amador da capital paranaense, é parceiro do Rubro-Negro carioca e conta com um projeto de formação modelo.
O foco é em captação e prospecção de atletas entre dez e 13 anos. A partir desta idade, o clube carioca já pode solicitar a ida do jovem para integração e término da maturação para o futebol. Basicamente, o Trieste avalia potenciais jogadores em diversos estados do país.
O jovem que se destaca, após análise de olheiros, é convidado para ficar uma semana em avaliação no complexo do clube, o Trieste Stadium.
O Flamengo paga cerca de 30% dos custos do projeto. O time de Curitiba, por sua vez, fica com um percentual (mantido em sigilo) dos direitos econômicos dos jogadores que forem aprovados pelos cariocas.
— O menino aloja aqui, mas o pai ou a mãe vem junto, até por questões de responsabilidade, para o menino chegar aqui e se soltar. Se o jovem vem aqui sozinho, tem saudade da família, já fica tímido, começa a chorar a noite e não rende. Todos os meus projetos têm que ter estruturas de alojamento e hotel, que é o que dá certo. Isso foi uma até exigência do Flamengo, que todos os meninos que viessem, tinham que chegar acompanhados. E o nosso nível de aprovação subiu muito — explica Rafael Stival, diretor do Trieste.
O contrato entre Trieste e Flamengo é válido até dezembro de 2025. Desde o começo da parceria, já foram mais de 50 garotos encaminhados para o Rio de Janeiro e agora alguns nomes têm aparecido para a torcida.
O atacante Felipe Lima é o mais conhecido depois que começou a integrar os treinos da equipe principal. O jovem Adriel, de 18 anos e que está no sub-20, também saiu do projeto. Mais jovem, o meia Pablo, do sub-17, começa a despontar na base rubro-negra.
Conheça o Trieste, parceiro do Flamengo
O Trieste, que foi arrendado em 2005 pela empresa Stival Alimentos por 20 anos, se transformou de um clube amador para em um modelo em formação de jogadores.
Até 2018, o clube de Curitiba tinha parceria com o Athletico e chegou a revelar nomes como Léo Pereira, Renan Lodi e Marcos Guilherme, com passagens por Seleção brasileira principal ou de base. O próprio goleiro Mycael, titular do Brasil no último pré-olímpico sub-20, hoje titular do Furacão, passou pelas mãos dos treinadores do bairro de Santa Felicidade.
A parceria, no entanto, foi encerrada. O Flamengo se interessou pelo projeto e fechou acordo em abril do mesmo ano. O Trieste hoje possui 120 atletas no projeto de formação, com uma média de encaminhamentos de 50 jogadores por ano. Vale destacar que, quando o atleta não interessa ao Flamengo, outros clubes podem buscá-lo desde que com autorização dos cariocas.
No complexo Trieste Stadium há academia de musculação, academia de natação, aluguel de quadras esportivas, restaurante, escolinha de futebol, espaço para eventos, arquibancadas, além de um campo com gramado sintético. O lucro gerado pelo local ajuda nas despesas da formação dos atletas.
Trieste fez aporte milionário em rival Iguaçu, também do futebol amador
Assim como funciona no Trieste Stadium, o grupo investidor do Trieste fechou uma parceria histórica com o seu principal rival de futebol amador, o Iguaçu, com um aporte milionário para a transformação do Estádio Egydio Ricardo Pietrobelli, que fica no bairro vizinho, o Butiatuvinha.
O projeto já está em pleno andamento e com inaugurações previstas para os próximos dias e semanas. O investimento inicial projetado foi de R$ 20 milhões (os valores também incluem um hotel e uma quadra que serão construídos em frente ao Trieste).
— O projeto é bem parecido com o que já fazemos no Trieste. Nosso foco é em gerenciamento e formação de atletas. Criamos até o símbolo da Stival Sports, com os escudos dos dois clubes, para fidelizar a marca e fortalecer a gestão Trieste e Iguaçu — conta Rafael Stival, diretor do Trieste e agora proprietário da marca Stival Sports.
O Egydio Pietrobelli, que passará a se chamar Iguaçu Stadium, terá uma academia de musculação 24 horas, quadra de sintético coberta, com climatização, prevista para estar em funcionamento em novembro, mês também do início das escolinhas de futebol.
O campo principal, das equipes juvenis e adulta, que disputam os campeonatos amadores, também está em reforma. O piso natural será transformado em gramado sintético e está previsto para ser finalizado em dezembro.
— Estamos colocando um gramado sintético com tecnologia parecida com o do Nilton Santos, do Botafogo. Tem uma camada de amortecimento abaixo da grama. Estamos investindo no complexo esportivo para modernização, mas o clube Iguaçu, como associação, segue igual para seus torcedores. Eu não me meto no futebol. A rivalidade entre Trieste e Iguaçu não muda — garante Stival.
— Hoje somos conhecidos no Brasil todo, até pela parceria com o Flamengo. Muita gente já ficou sabendo desse nosso novo projeto, com o Iguaçu, e quer vir fazer parceria. Mas eu também preciso de investimentos deles, mas aí os clubes acham que isso são custos e não investimentos — acrescenta.
Na estrutura da associação do clube Iguaçu, um salão com área para encontros, loja oficial e museu estão em fase final. Já uma nova quadra com dimensões menores, as arquibancadas e o restaurante, que terão vista privilegiada e que ficarão ao campo, serão finalizados na metade de 2025.
Trieste e Iguaçu fazem clássico histórico do futebol amador de Curitiba
Trieste e Iguaçu são clubes tradicionais e fazem um dos principais clássicos do futebol amador de Curitiba. Os dois clubes foram fundados por famílias italianas. O Tricolor, que completou 87 anos em junho, é o maior campeão da Série A da Suburbana com 14 troféus, além de 10 taças Paraná.
Já o Iguaçu completou 105 anos em 2024 e também tem uma galeria de troféus do futebol amador, com 10 títulos da Série A, três taças Paraná e um Sul-Brasileiro. O confronto já possui mais de 140 jogos na história, com retrospecto equilibrado e grandes e históricas partidas.