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“Não tenho nada a ver com Carla Zambelli”, diz Bolsonaro

Marcos Corrêa/PR

Inicialmente, Bolsonaro falaria à PF, nesta quinta-feira (05), sobre a saída de Zambelli do Brasil, mas o depoimento ficou restrito à atuação de Eduardo Bolsonaro nos EUA

Após depoimento à Polícia Federal (PF), nesta quinta-feira (05), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), negou ter envolvimento com a mudança da deputada licenciada Carla Zambelli (PL) para a Europa. Em entrevista a jornalistas, em frente à sede da corporação, em Brasília, ele disse não ter conhecimento da ação em curso contra a parlamentar no Supremo Tribunal Federal ( STF) e garantiu que não realizou transferências financeiras a ela.

“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli. Não botei dinheiro no Pix dela” , afirmou Bolsonaro. Havia a expectativa de que o ex-presidente também fosse questionado pela PF, nesta tarde, sobre a ida da deputada para a Itália. No entanto, ele afirmou que o depoimento se restringiu à investigação que envolve seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL).

Os advogados de Bolsonaro informaram que o ex-presidente recebeu, na quarta-feira (04), uma intimação para depor como testemunha em um caso de 2023. Entretanto, por não ter acesso aos autos da ação, se recusaram a falar sobre isso no depoimento desta tarde. 

“Nós recebemos uma intimação para que  Bolsonaro fosse ouvido num outro inquérito, de 2023, que estava em segredo de justiça e os autos eram físicos no Supremo Tribunal Federal. Nós requeremos vistas destes autos para efetivamente podermos fazer o depoimento” , esclareceu o advogado Paulo Bueno. 

“Ocorre que o ministro Moraes ainda não despachou o pedido de vistas, de sorte que nós peticionamos dizendo: ‘olha, enquanto não tivermos vistas, não iremos depor, porque eu não sei do que se trata’. Foi simplesmente isso” , acrescentou Bueno. 

Bolsonaro foi intimado pela PF no âmbito do inquérito que apura a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça ( CNJ), no qual  Zambelli e o hacker Walter Delgatti foram condenados a 10 e 8 anos de prisão, em regime fechado, respectivamente. Após a deputada deixar o Brasil e anunciar que atuaria na Europa para denunciar os supostos abusos e perseguições impostas pelo STF a figuras ligadas à direita política, a  Suprema Corte determinou a prisão preventiva da deputada e pediu à PF que incluísse o nome dela na lista vermelha da Interpol. 

Nesse sentido, Bolsonaro foi chamado para falar sobre a saída de Zambelli do país, já que, segundo ela, a intenção em permanecer na Europa seria atuar de forma semelhante à do colega deputado Eduardo Bolsonaro. “A gente não conhece os autos. Hoje eu fui ouvido apenas pela questão do recurso [financeiro] que eu coloquei na conta do meu filho, que está nos Estados Unidos” , concluiu o ex-presidente. 

Zambelli deixou o Brasil em 25 de maio

A  deputada licenciada anunciou, na última terça-feira (03), que se mudou para a Europa e solicitou, nesta quinta-feira, licença não remunerada do mandato na Câmara dos Deputados. Apesar da informação só ter sido divulgada esta semana, Zambelli está fora do Brasil desde o dia 25 de maio. Ela estava, inicialmente, nos Estados Unidos e, de lá, seguiu para a Itália, onde vai residir. 

Zambelli afirmou que deixou o Brasil inicialmente para tratar problemas de saúde, mas decidiu permanecer fora do país diante do que classifica como “perseguição política” e “censura”. Em nota enviada ao Portal iG, a deputada assegurou que manterá a atuação política, com o objetivo de denunciar supostos abusos do Judiciário brasileiro e estabelecer conexões com parlamentares europeus.

“Agora vou me basear na Europa. Tenho cidadania europeia, então estou tranquila quanto a isso” , declarou.

Zambelli citou o exemplo do colega de partido, Eduardo Bolsonaro, que está fora do país desde fevereiro deste ano e tem atuado nos Estados Unidos para denunciar o que a extrema direita brasileira chama de “ditadura do STF”. Ambos integram uma frente informal de parlamentares bolsonaristas que, após o avanço das investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, passaram a buscar apoio internacional para sustentar a tese de que são vítimas de perseguição.

O  anúncio de Zambelli ocorreu na mesma semana em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi intimado para prestar depoimento sobre supostas articulações de seu entorno para minar o sistema eleitoral brasileiro e obter apoio político no exterior. A apuração, que envolve diretamente Eduardo Bolsonaro, investiga a atuação do deputado junto a autoridades e parlamentares norte-americanos, com o objetivo de impor sanções, como cassação de visto estadunidense e bloqueio de bens nos EUA, a autoridades brasileiras.

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