A brasileira Rafaela Pimenta, cuja empresa representa personalidades do futebol como Erling Haaland (Manchester City), Matthijs de Ligt (Manchester United) e Arne Slot (Liverpool), reivindicou mudanças nas regras de transferências de jogadores. A agente afirmou ao “The Athletic” ser comum clubes tratarem os atletas apenas como ativos e se esquecerem do lado humano ao determinar as movimentações.
Rafaela explicou que as conversas entre ela e os times normalmente são voltadas para assuntos como condição física do jogador, problemas com o técnico e, claro, transferências. Este último pode ser um pouco mais delicado a depender da situação. “Hoje, se tornou impossível dizer a um clube (de futebol masculino) que um jogador precisa ser transferido por estar infeliz. Se você está infeliz no seu trabalho, é um grande motivo para sair”, disse.
Rafaela Pimenta detalha ‘jogo de transferências’ no futebol
A dificuldade está atrelada a questões que vão além do campo. Neste caso, entram em jogo patrocinadores, possível procura por substituto, torcedores e preço. Apesar disso, a empresária ressaltou a importância de os clubes serem mais sensíveis às necessidades dos atletas, e criticou uma prática comum na Europa que, segundo ela, “tem se tornado um problema real no futebol”.
— As regras de hoje não são boas o suficiente. Uma regra que diz que um jogador pode ter uma cláusula de transferência e então o clube impõe uma cláusula de transferência de 1 bilhão de euros. Isso não é uma cláusula de transferência. Isso é apenas atender aos próprios desejos.
“Trinta anos atrás, se eu fosse até diretora ou dona de um clube e dissesse: ‘Eu sei que você gosta dele e precisa dele, mas ele realmente precisa sair, o tempo dele aqui acabou’, eles encontrariam uma solução. Hoje, não. O clube diz: ‘Este é o preço. Se trouxer o dinheiro, ele sai. Se não, treino amanhã’”, complementou.
Rafaela destacou que o ideal seria funcionar como em outros empregos. Se o jogador encontrou um trabalho que considera melhor ou quer viver em outro lugar, por exemplo, deveria ter a liberdade de fazer isso sem grandes problemas. Ao enfatizar o desejo por mudança nas normas, a agente declarou ainda ser importante que todos os interessados sejam envolvidos no debate, independentemente se for organizado pela Fifa, Uefa, federações ou clubes.
— Ninguém quer implodir o sistema de transferências. Isso é parte do jogo, precisa existir para que seja sustentável aos clubes. Eu entendo isso, mas também precisamos de ar fresco no sistema para esclarecer o que são as regras desse jogo de transferências para os jogadores não acabarem reféns dos clubes.
A janela de transferências do verão europeu no futebol masculino está programada para ocorrer entre junho e setembro no continente. A proximidade da data, afirmou a brasileira, deixa muitos jogadores nervosos e com receio de não poderem deixar a equipe onde estão descontentes.
Rafaela Pimenta também é advogada e se tornou uma das diretoras não-executivas da Women In Football, organização britânica focada em impulsionar talentos femininos na indústria do esporte.
Para ela, esse “problema” de transferência ainda não ocorre no futebol feminino. Jogadoras como Esther Gonzalez (Gotham FC), Misa Rodriguez (Real Madrid) e Lily Yohannes (Ajax) fazem parte do portfólio de clientes da empresária.