Craque do Novorizontino terá premiação inusitada por classificação heroica contra o Corinthians

O Novorizontino precisa que o duelo desta quarta-feira (21), contra o Corinthians, pela Copa do Brasil, acabe em pizza. Caso isso ocorra, significará a classificação do clube do interior paulista às oitavas de final da competição nacional.
Isso porque a pizzaria “Bonani”, localizada na cidade de Novo Horizonte, presenteia com uma pizza o melhor jogador do Tigre em cada partida. Porém, isso acontece apenas em casos de vitória e empate. Este último seria insuficiente, já que a equipe da capital venceu o jogo de ida por 1 a 0. Não há premiação quando o Novorizontino é derrotado.
A responsável pelo critério rigoroso é Daniele Bonani, proprietária da pizzaria, que conversou com a Trivela durante visita da reportagem a Novo Horizonte.
– Todos os atletas que jogam no Novorizontino conhecem a Bonani. Quem vota é a Rádio Amizade. No início, eles davam o prêmio até quando perdia. Aí eu disse que não. Tem que ser quando ganha ou empata. Filho não tem que ganhar prêmio quando não faz a coisa certa – disse a empreendedora à Trivela em Novo Horizonte.
A tradição da “Bonani” existe desde 2010, ano de fundação da atual organização do Novorizontino. Daniela, o esposo Renato e os filhos do casal acompanham a trajetória da equipe desde os primórdios.
– O meu filho, tenho foto dele desde pequenininho, não tinha ninguém no campo. Era só nós quatro (Daniela, marido e filhos). Porque era quarta divisão, depois terceira divisão – afirmou Daniela.
Antes, a cidade de Novo Horizonte era representada pelo Grêmio Esportivo Novorizontino, vice-campeão paulista em 1990. A instituição abriu falência em 1999. Onze anos depois, o novo clube foi fundado como Grêmio Novorizontino – sem o Esportivo.
Mesmo com o novo nome, foi mantida uma ligação com a antiga equipe. O emblema foi mantido, assim como o Tigre como mascote.
O Novorizontino “renasceu” próximo a outro grande amor de Dani
O Grêmio Novorizontino foi fundado em 2010. Um ano antes, nasceu o filho de Daniela Bonani. Essa ligação foi fundamental para que o amor que ela já tinha pelo Tigre se espalhasse por toda a família.
A empresária é natural de São Paulo e se mudou para Novo Horizonte quando tinha 10 anos de idade. A paixão dela pelo Grêmio começou ainda na adolescência, em especial na campanha do vice-campeonato paulista de 1990. Na época, a empresária tinha 15 anos.
– Quando eu tinha 15 anos eu fui à final do Paulista (1990). Eu já acompanhava antes, mas ali fiquei apaixonada – disse Dani.
Por volta dos 20 anos de idade, Daniela se mudou para Sorocaba, onde morou por 14 anos, retornando posteriormente a Novo Horizonte. Foi longe de casa, a cerca de 350 km, que ela viu o time do coração encerrar as atividades, em 1999.
– Aqui, a gente respira Novorizontino desde aquela época. Então, quando eu fui embora, continuava Novorizontino – destacou a empresária.
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Da quarta divisão à elite: premiação com pizza virou tradição em Novo Horizonte
Quando foi refundado, em 2010, o Novorizontino iniciou os trabalhos na quarta divisão do Campeonato Paulista. Na época, a “Bonani” já tinha três anos e abraçou o projeto do clube.
A pizzaria investia em placas de publicidade e já presenteava até mesmo os atletas que comemoravam junto à marca.
– A gente falava para os jogadores quando fizessem gol comemorar com a placa que ganhava pizza. Eles faziam, eram loucos para fazer gol. Quem transmitia era a Rede Vida. Era 10 da manhã, aos domingos. Só a gente no campo – disse Renato, esposo de Daniela e também proprietário da “Bonani”.
Um desses atletas que desde as categorias de base ansiavam pela premiação em pizza foi o meia Rômulo, ex-Palmeiras e atualmente emprestado ao Ceará.
– O Rômulo, do Palmeiras, saiu da base. No segundo ou terceiro jogo dele como profissional ele foi escolhido o melhor em campo. Ele ficou tão feliz, que saiu do campo, nem trocou de roupa, parou o carro no meio da rua e gritou que tinha ganhado a pizza. Eu falei para ele voltar, pegar a família e comer aqui para tirarmos fotos. Ele buscou a namorada, veio sentou, tiramos foto – contou Daniela.

A empresária, no entanto, em tom de brincadeira, “puxou a orelha” do jogador, que ainda tem uma pizza a receber.
A premiação tem a ver com a eleição do meia como melhor atleta em campo na vitória do Novorizontino sobre a Portuguesa, pela primeira fase do Paulistão do ano passado. Foi o penúltimo jogo de Rômulo pelo Tigre, antes de se transferir ao Palmeiras.
– Dou para os jogadores que merecem (pizza). Inclusive, tenho uma plaquinha do Rômulo que ele nunca veio buscar, porque o bandido (risos) foi para o Palmeiras, ficou chique e nunca mais voltou. A mulher dele volta para comprar esfiha – disse Dani.
Pizzaria é pintada de aurirrubro em dias de jogos do Novorizontino, mas recebe rivais de braços abertos
A “Bonani” é o ponto de encontro da torcida novorizontina em dias de jogos do clube como visitante.
Porém, nas vezes que o Tigre atua no Jorge Ismael de Biasi, a proprietária do estabelecimento incentiva a ida do público ao estádio. Ela, inclusive, é proprietária de cadeiras cativas.
Isso, porém, não impede que a pizzaria seja completamente tomada das cores do Novorizontino nos dias em que a equipe entrará em campo.
A maioria dos funcionários usa uma camisa especial do time, que também leva a marca da “Bonani”.

Mesmo respirando Novorizontino, a “Bonani” abre os braços para os adversários. Principalmente em dias de jogos contra os grandes clubes de São Paulo há uma movimentação maior que o normal.
– Quando vem o Corinthians, esses times grandes, é três a quatro vezes o movimento comum. Começa a chegar às pessoas da região. A torcida organizada (visitante) não vem aqui porque entram e saem escoltadas. Agora, a torcida de família, que é da região, vem de carro, de van, cada um pega carona e vem em família. E várias vezes vem aqui, sentam um ao lado do outro. Não tem rivalidade. A gente recebe com muito carinho. Sempre tiro foto com os rivais que vem. Mas tiro com a minha camiseta (do Novorizontino) – comentou Daniela.
Na partida de ida pela terceira fase da Copa do Brasil, realizada no dia 30 de abril, até o próprio Corinthians foi cliente da pizzaria.
Foram 40 pizzas fornecidas para o clube alvinegro após o jogo, para jogadores e estafe. Os sabores escolhidos foram: frango com catupiry, peito de peru, portuguesa e quatro queijos.