Reunião no Corinthians tem clima tenso entre Andrés e Augusto
Durante a reunião do Conselho Deliberativo do Corinthians realizada na noite desta segunda-feira (14), houve um embate entre o ex-presidente corintiano Andrés Sánchez e o atual mandatário Augusto Melo.
Segundo apurado pela Trivela, o motivo do clima tenso foi uma suposta investigação programada pela Ernst & Young, empresa de consultoria contratada no começo da atual administração, em que os alvos seriam membros de gestões anteriores do clube alvinegro.
Augusto Melo negou a existência desta apuração por parte da EY.
Por sua vez, Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo corintiano, afirmou que existia uma cláusula no contrato entre o Corinthians e a Ernst & Young que previa a investigação.
Andrés Sánchez, então, solicitou a cópia do contrato e prometeu tomar as providências judiciais cabíveis contra a diretoria administrativa do Timão e a empresa de consultoria.
Também foi dito que no caso de comprovação desta investigação, era cabível um novo pedido de impeachment contra Augusto Melo – que atualmente já é alvo de uma solicitação do tipo.
A alegação de Andrés é que nenhum órgão extra-oficial tem o poder de investigar a vida de qualquer pessoa.
A pauta gerou um princípio de tumulto entre os conselheiros que participavam da reunião, o que foi contido rapidamente.
Augusto Melo prometeu auditoria contra gestões anteriores
Assim que o resultado da eleição presidencial do Corinthians, realizada em dezembro de 2023, anunciou a vitória de Augusto Melo, o presidente corintiano afirmou que a realização de uma auditoria externa seria o primeiro ato da sua gestão à frente do clube alvinegro.
O atual mandatário do Timão é o primeiro desde 2007 a não pertencer ao grupo Renovação e Transparência, liderado por Andrés Sánchez, que presidiu à equipe do Parque São Jorge em duas ocasiões: 2007 a 2011 e 2018 a 2020.
– Auditoria geral. Precisamos saber o que acontece com o Corinthians para, daqui para frente, a nossa diretoria financeira poder ter um planejamento para a gente começar a equacionar (as dívidas) e montar um grande time – declarou Augusto no dia em que foi eleito como presidente do Corinthians.
Melo reforçou esse compromisso no seu discurso de posse, realizado no dia 2 de janeiro, no qual ele também anunciou a parceria com a Ernst & Young.
O contrato com a EY tinha validade de três anos, o que contemplaria todo o período da gestão liderada por Augusto Melo, mas foi rompido após oito meses.
O principal motivo da ruptura foi a chegada de Fred Luz para atuar como CEO do Corinthians.
O executivo é um dos sócios da Alvarez & Marsal, que atua no mesmo segmento de consultoria que a Ernst & Young. A recomendação inicial foi para que Fred se desligasse das funções em que possui sociedade, o que foi recusado pelo profissional.
Na “queda de braço”, Fred Luz teve a nomenclatura da sua atuação no Corinthians alterada para consultor, representando a Alvarez & Marsal. Já o contrato com a Ernst & Young foi rompido no mês seguinte à chegada de Luz.
Além disso, o aumento da dívida corintiana em R$ 200 milhões, por conta de investimentos no futebol, não passou pelo crivo da consultoria. E isso também gerou desgaste na relação entre as partes.
Questionamentos a Fred Luz marcaram reunião
Além do clima tenso entre Andrés Sánchez e Augusto Melo, a reunião entre os conselheiros do Corinthians contou com uma apresentação da diretoria administrativa do Timão em relação aos números do clube.
Também houve uma série de questionamentos para Fred Luz preparados previamente pelos membros do Conselho Deliberativo.
Por conta da participação da Alvarez & Marsal no processo da transformação de clubes como Coritiba e Cruzeiro em SAF há o temor de uma série de conselheiros que isso também possa acontecer com o Timão.
No entanto, a diretoria corintiana nega qualquer possibilidade do Corinthians se transformar em Sociedade Anônima do Futebol.
Pedido de impeachment contra Augusto Melo está próximo de avançar
A presidência do Conselho Deliberativo aguarda o parecer da Comissão de Ética sobre o pedido de impeachment em que Augusto Melo é alvo.
O documento ainda não foi enviado, mas, de acordo com a apuração da Trivela, vai ratificar a indicação para que o processo de destituição do presidente da diretoria administrativa avance.
Isso ocorrendo, Romeu Tuma Júnior convocará uma reunião entre os conselheiros para deliberar e votar a possibilidade de Melo ser impedido.
No caso da maioria simples ser favorável, Augusto é afastado da função e uma segunda votação, agora entre os sócios do Corinthians, precisará ser agendada em até 30 dias pelo primeiro vice-presidente, cargo que atualmente é ocupado por Osmar Stábile, que assumiria a presidência de forma interina.
A decisão dos associados é definitiva. Caso mantenham a decisão de aprovar o impeachment, Augusto Melo deixa o cargo e Osmar tem a responsabilidade de convocar eleição indireta novamente em um prazo de 30 dias.
Essa votação aconteceria somente entre os conselheiros corintianos, que decidiriam o novo presidente do clube alvinegro até o final de 2026.
