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Serginho não vê necessidade de psicólogo no Santos: ‘Não muda muita coisa’

Há tempos a psicologia faz parte do mundo do futebol. Mas no Santos esse é um tema pouco respeitado. Após o rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o Peixe abriu mão dos trabalhos da psicóloga Juliane Fechio e não fez reposição. Mas isso, na visão do meia-atacante Serginho, não é tão importante.

Titular e responsável pela assistência que resultou no gol de Diego Pituca, o único da vitória do Santos sobre o Ceará, por 1 a 0, nesta terça-feira (22), Serginho acredita que a conversa com os próprios atletas do elenco é suficiente para suprir a ausência de um profissional da psicologia.

— A psicologia é entre a gente mesmo [elenco]. Tem muitos jogadores aqui que passaram por muitas coisas no futebol e a gente conversa bastante. Antes desses jogos decisivos, a gente se fecha, se une, um passa experiência para o outro. Trazemos isso para dentro de campo. Então, acho que isso não interfere. O que basta é isso. Estamos sempre conversando, em busca de dar o máximo para as coisas acontecerem. Isso é legal. É difícil ter um grupo unido, que conversa bastante e a gente tem isso aqui. Então, essa questão da psicologia não muda muita coisa — falou Serginho.

Serginho ignora conselho de Richarlison

Após a Copa do Mundo do Catar, o atacante Richarlison, do Tottenham, se viu envolvido em um problema pessoal que naturalmente afetou o seu desempenho nos gramados.

Posteriormente, o centroavante revelou que só conseguiu se estabilizar com ajuda de um psicólogo e aconselhou outros jogadores de futebol a buscarem profissionais da área.

— Agora que eu faço terapia, eu posso falar, os jogadores precisam procurar um psicólogo. Estou muito feliz de estar fazendo. Antes eu tinha um preconceito, pensava ‘eu não tô ficando louco, não tô maluco’. Lá na roça onde eu morei é assim, pessoal no interior é assim: ‘Você vai fazer psicólogo? Você é doido’. Não tenho mais esse preconceito. Estou conseguindo fazer — disse o centroavante ao canal Desimpedidos, no YouTube, emendando:

— Me sinto com a mente aliviada, posso desabafar e falar tudo com a minha psicóloga, é muito legal. Às vezes eu sofria com lesões aqui no Tottenham e eu não sabia o porquê, eu sempre estava preparado, treinando bem e vinha umas lesões nada a ver, na panturrilha, coxa. Aí foi quando falei com os médicos [do clube, para entender as lesões], me perguntaram se eu tinha problema em casa e eles me pediram para procurar um psicólogo. […] [Agora] No meu Instagram chove de mensagens pedindo o contato da psicóloga para poder fazer também porque todos viram minha evolução — completou.

Ligação entre o emocional e o físico

Para entender a fala de Richarlison e se o mental causa impacto no físico de um jogador, a Trivela, à época, ouviu João Ricardo Cozac, psicólogo do esporte e presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte e do Exercício.

O psicólogo do esporte, que já trabalhou em clubes e hoje atende individualmente atletas da elite do Campeonato Brasileiro, afirmou que existem estudos que confirmam a ligação entre o emocional e o físico, podendo impactar (positiva ou negativamente) no desempenho no futebol.

— Existe uma relação íntima entre as questões físicas com as mentais e emocionais. Existem ciências já que estudam com uma psicossomática que comprova que muitas doenças e muitos fenômenos que ocorrem no corpo têm origem no campo emocional. E no futebol isso costuma acontecer bastante. Por exemplo, em casos de atletas que estão muito nervosos, há um acúmulo do ácido lático, o que promove câimbras precoces nos jogos. Jogadores que estão muito inseguros podem sofrer impactos na concentração, o que certamente pode causar uma queda de qualidade e de alto rendimento [em campo].

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Além do impacto direto no nível de jogo apresentado, a falta de concentração de um jogador em campo por algum problema externo também pode causar lesões, afirma Cozac:

— Questões relacionadas à saúde emocional vulnerabilizam e fragilizam os jogadores a terem lesões no campo físico. […] O jogador mal psicologicamente vai ter um menor controle sobre seu corpo. Ele vai ter maior predisposição a não ter atenção devida diante dos seus movimentos. A desatenção pode expor o atleta a lesões no alto rendimento. A vida pessoal do atleta, o campo mental, afetivo e social, tudo isso pode ter relação estreita com a segurança, com a ação esportiva, a confiança e a assertividade. E se você não tem confiança, não tem assertividade, você não está seguro de se você está completamente vulnerável a ter lesões.

Apesar de tudo isso, Serginho segue convencido que apenas os diálogos com os companheiros de elenco substituem os trabalhos de um profissional da psicologia.



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