Como Textor pode fazer Palace ser banido da Uefa após classificação

O Crystal Palace, campeão da última edição da FA Cup, garantiu vaga na próxima edição da Liga Europa, mas pode não disputar o torneio. O motivo está ligado ao modelo de propriedade multi-clubes adotado por John Textor, um dos donos do clube e também dono do Botafogo.
Esse modelo colide com as diretrizes da Uefa sobre participação simultânea de equipes sob controle comum em competições europeias. Dois ou mais clubes de um mesmo dono não podem participar do mesmo torneio continental.
O problema do Crystal Palace que envolve Textor
Segundo o jornal inglês “The Guardian”, o clube londrino enfrenta um impasse: a entidade que comanda o futebol europeu não ficou satisfeita com as tentativas do Palace de contornar as regras de multipropriedade, que foram reforçadas recentemente.
A equipe se classificou à Liga Europa, mas a decisão final pode deixar o time de Oliver Glasner fora até mesmo da Conference League — justamente por conta de outro clube, de outro dono.
O problema é direto: John Textor, coproprietário do Palace, também tem participação no Lyon, que se classificou para a Liga Europa, enquanto David Blitzer, outro acionista do clube inglês, é registrado como proprietário majoritário do Brondby, classificado para a Conference League.
Segundo os critérios da Uefa, em casos de conflito, o clube com melhor colocação na liga doméstica tem prioridade, o que coloca o Palace em desvantagem: a equipe inglesa terminou apenas em 12º lugar na Premier League, abaixo dos dois clubes-irmãos em seus respectivos campeonatos.
A Uefa exige que, para permitir que dois clubes com donos em comum disputem suas competições, as ações de um dos times sejam colocadas em um blind trust — um tipo de estrutura em que uma terceira parte independente passa a gerir o clube temporariamente, sem influência dos acionistas originais.
Foi esse o caminho adotado, por exemplo, por Manchester City e Girona na última temporada da Champions, e por Manchester United e Nice, na Liga Europa.
O Nottingham Forest também fez o mesmo em recentemente, com Evangelos Marinakis abrindo mão temporariamente de sua influência no clube inglês para evitar conflito com o Olympiacos, da Grécia.
O Palace, no entanto, não cumpriu o prazo-limite de 1º de março para realizar o procedimento, o que deixa a Uefa sem margem para conceder isenção.
Tentativas frustradas e possível repescagem do Forest
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— Crystal Palace F.C. (@CPFC) June 5, 2025
Representantes do Palace se reuniram com membros da Uefa nesta semana em Nyon, na Suíça, tentando encontrar uma solução. No entanto, segundo o Guardian, o esforço não surtiu efeito.
John Textor chegou a afirmar que pretende vender sua parte no clube, mas o tempo é curto: o sorteio das fases preliminares da Liga Europa está marcado para o dia 17 de junho — menos de duas semanas.
Caso a exclusão seja confirmada, a vaga do Palace será redistribuída. O Nottingham Forest, sétimo colocado na Premier League, herdaria o lugar na Liga Europa, enquanto o Brighton, oitavo, ficaria com a vaga do Forest na Conference League.